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Vozes LGBTQIA+ e urbanas ecoam na 1ª Festa Literária de Bragança

Literatura feminina também foi debatida pela rapper Shaira Mana Josy na Arena Multivozes
Por Úrsula Pereira (SECULT)
06/12/2019 10h35

O escritor paraense Breno Torres ministrou a palestra “LGBTQIA+: o que esse alfabeto todo quer dizer?”A temática LGBTQIA+ e as vozes urbanas deram o tom da programação de quinta-feira (5) na 1ª Festa Literária de Bragança, que segue até o próximo domingo (8), com entrada franca no Liceu da Música de Bragança.

Entre os pontos altos do dia, o Papo Cabeça veio com o tema “LGBTQIA+: o que esse alfabeto todo quer dizer?”, com o professor e escritor paraense Breno Torres, que também estará no Encontro Literário, discutindo sobre o tema “Representatividade LGBTQIA+ na literatura” e a palestra “Literatura Periférica: vozes femininas na poesia”, ministrada pela poetiza e rapper Shaira Mana Josy.

Brenno Torres afirma que mais espaços como as Festas Literárias são necessários para que se fale com e sobre pessoas que existem nesses lugares. “A gente não pode ignorar a existência de pessoas de minorias, pois elas existem em todos os lugares. Onde há conservadorismo, sempre vai existir algum tipo de resposta e essa resposta virá em forma de resistência”, explica.

O escritor ainda comentou sobre a importância de ampliar as ações da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes para todas as regiões do Estado, deslocando o espaço privilegiado artístico da capital. “O que é mais incrível é que a gente desconstrói essa ideia de que um estado ou uma cidade tem a mesma dinâmica por estar fechado em uma dimensão geográfica. Precisamos reconhecer, entender, dialogar e aprender com essas diferencias geográficas de pessoas”, finalizou.

A fala do escritor inquietou o público e levou a reflexão de que literatura LGBTQIA+ é, antes de qualquer coisa, literatura de qualidade e que dá voz à realidade de diversas pessoas. Na plateia, o estudante de história da UFPA, Wesley David, se manifestou sobre a importância de eventos como a Festa Literária, que também contribui para a formação de uma nova base de leitores. “A Feira do Livro, pela primeira vez itinerante com múltiplas vozes ecoando no interior, é empoderante e louvável”, afirmou.

À tarde, a palestra “Literatura Periférica: vozes femininas na poesia”, ministrada pela rapper Shaira Mana Josy lotou a Arena Multivozes, debatendo feminismo, negritude, periferia, hip-hop e poesia. Shayra iniciou relembrando sua militância no movimento hip-hop e o nascimento do coletivo ‘Slam Dandaras do Norte’, que surgiu em 2017 com a intenção de reunir mulheres que desejassem escrever poesias.

“Achamos que seria mais difícil reunir mulheres que fizessem poesia porque ainda há grande preconceito e silenciamento das mulheres no movimento hip-hop. A nossa poética ainda incomoda. Por isso, o coletivo é fechado só para nós. É um espaço de fortalecimento”, explica Shaira.

Para Valdete Gomes, professora de Capanema e participante do clube "Leia Mulheres Capanema", que incentiva a leitura e debate de obras escritas por autoras no Pará, há uma necessidade de leituras femininas. “Eu não conhecia a Shaira, mas estou levando dela pra gente ler e nos empoderar ainda mais, pois sentimos falta de leituras de mulheres do Norte, da Amazônia, com quem a gente se reconheça. A vivência dela atravessa a nossa vivência”, declarou a professora.

A Festa Literária de Bragança é uma realização do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com a Associação Sociocultural e Recreativa de Bragança (Ascubra) e apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Fundação Cultural do Pará, Universidade Federal do Pará (UFPA - Campus Bragança) e Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Liceu de Música de Bragança, integrando as políticas públicas de fomento ao livro, à leitura e à difusão das linguagens e expressões culturais e artísticas.

Serviço:

A Festa Literária de Bragança é parte da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes e ocorre até domingo (8), de 10h às 22h, no Liceu da Música de Bragança. A entrada é franca.