Múltiplas vozes e ações. Assim podemos definir a 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que no domingo (8) encerrou a primeira Festa Literária de Bragança, última ação de 2019. A Feira do Livro – quarto maior evento do gênero no Brasil e maior acontecimento literário da região Norte – passou por diversas reformulações para se tornar mais inclusiva, com uma programação com recorte curatorial específico, já que a intenção era configurá-la como um espaço de luta e construção de identidades para um lugar de fala.
A Festa Literária de Bragança compreendeu o conceito e fomentou a cultura das multivozes como dever e direito e, através das ações transversalizadas da Feira, o discurso literário, social e histórico – escrito ou oralizado – deu espaço à voz feminina, negra, originária, LGBTI's, periférica e urbana, assim como às diversas falas da cultura, tornando o diálogo fluido e o conhecimento circulante.
Instalada no Liceu da Música de Bragança, em uma área de aproximadamente 2.340m², ao longo dos últimos cinco dias, a Festa Literária foi ocupada por 7 estandes, onde atuaram 205 editoras, que expuseram cerca de 30 mil títulos e uma programação fortemente pautada na valorização da produção regional, onde a literatura paraense ganhou destaque com a cessão de um estande para os escritores paraenses, reunindo obras produzidas em diversos municípios do Estado.
A primeira edição recebeu cerca de 30 mil pessoas dos municípios de Bragança, Augusto Correa, Traquateua, Capanema e das vilas Fátima, Manoel dos Santos, Aracajó, Aracajazinho e Cocal e, juntos, ajudaram a alcançar a meta do evento literário que é gerar negócios no mercado livreiro local e nacional, movimentando recursos em torno de R$ 150 mil, sendo R$ 61 mil do Credlivro, além de gerar 80 postos de trabalhos diretos e indiretos.
De acordo com a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, uma das principais metas da Feira é aumentar sua presença no território paraense, valorizando a diversidade presente nas manifestações culturais que dialogam com a literatura, fortalecendo ainda mais a produção literária de cada região. Depois de Marabá, Altamira, Parauapebas e Santarém, foi a vez de Bragança, cidade notadamente marcada pelo vigor de suas manifestações da culturais e religiosas.
"Estamos muito gratos à população de Bragança que nos recebeu de maneira tão carinhosa nesta derradeira ação de 2019, na nossa 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, nesta cidade que é uma sala de aula permanente. Estar em Bragança é mergulhar nesse momento de aprendizado e que bom que temos a oportunidade de beber dessa fonte inesgotável de saber", afirmou Ursula Vidal. "Percebemos que esta primeira experiência funcionou bem e ainda temos espaço físico para crescer com a oferta de editoras, estandes e já estamos recebendo boas sugestões para incorporar na Festa do ano que vem. Mais uma vez Bragança nos ensinando como fazer. Muito obrigada!", destacou a secretária.
A titular da Secult aproveitou a oportunidade para exaltar a cidade de Bragança e seu patrimônio material e imaterial. "Tudo é glorioso nessa cidade. A gente faz uma viagem extremamente profunda e que nos ensina a valorizar cada vez mais o nosso patrimônio imaterial e o patrimônio arquitetônico e histórico, que está completamente implicado nesse senso de pertencimento que temos ao lugar. As edificações também contam história e fazem parte da nossa construção de memória, preservar é preciso. Salve São Benedito e viva Bragança".
A Festa Literária de Bragança foi realizada pelo do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com a Associação Sociocultural e Recreativa de Bragança (Ascubra) e apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Fundação Cultural do Pará, Universidade Federal do Pará (UFPA - Campus Bragança) e Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Liceu de Música de Bragança, integrando as políticas públicas de fomento ao livro, à leitura e à difusão das linguagens e expressões culturais e artísticas.