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Com 32 anos de fundação, Museu do Marajó terá gestão compartilhada

Estado e Associação do Museu trabalharão em parceria para manter o acervo reunido pelo padre Giovani Gallo
Por Úrsula Pereira (SECULT)
11/12/2019 21h45

O Museu do Marajó Padre Giovani Gallo completa nesta quinta-feira (12) 32 anos de fundação, e com motivo para dupla comemoração. Em outubro deste ano foram acordados os detalhes do Termo de Comodato que passa a administração do Museu para o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), pelo período de 36 meses (três anos). A gestão será realizada em parceria com a associação que leva o nome do museu, atual gestora do espaço, e também da Prefeitura de Cachoeira do Arari, município onde está localizado o Museu, no Arquipélago do Marajó.

Depois de diversas tentativas, os termos do acordo foram definidos em Cachoeira do Arari, durante reunião com representantes da Associação, da Secult, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Universidade do Estado do Pará (Uepa) e do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). Só falta definir a data de assinatura do documento, pois depende do inventário do acervo do Museu, que já está sendo preparado por técnicos da Secult.

O museólogo Emanuel Fernandes de Oliveira Júnior, coordenador de Documentação e Pesquisa do Sistema Integrado de Museus (SIM), esteve em Cachoeira do Arari para articular a participação da comunidade na gestão do Museu do Marajó. O objetivo era iniciar um Arrolamento Museológico - quantificação geral dos objetos do acervo, que é multicomponencial e representa o desejo do padre Giovanni Gallo de retratar o ecossistema marajoara com material arqueológico, biológico, paleontológico, histórico e etnográfico, composto por várias coleções que se encontram com a conservação comprometida.

Peculiaridade - "Padre Giovanni Gallo era museólogo e tinha uma imaginação museal muito peculiar. Ele criou os computadores caipiras por entender que o caboclo - público imediato do Museu - tinha os olhos nas pontas dos dedos, portanto deveria tocar no acervo exposto. Essa característica acabou dando origem a uma instituição de cunho exploratório diferente do museu mais tradicional/ortodoxo. Estamos empenhados em fazer o melhor pelo Museu e seu acervo, patrimônio do povo marajoara", afirmou Emanuel Júnior, que também é antropólogo.

Como o Museu do Marajó está ligado à vida dos moradores de Cachoeira do Arari, o levantamento do acervo será feito pela própria comunidade. Antes, haverá uma preparação, no período de 16 a 19 de dezembro (segunda a quinta-feira). Em janeiro de 2020, uma ação de educação patrimonial será realizada pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Dphac). A direção do SIM espera que, até março de 2020, toda a catalogação dos objetos esteja concluída, para dar início à limpeza e acondicionamento do acervo para retirada do local, já que o prédio do Museu entrará em reforma estrutural e será adaptado.

Para a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, a recuperação do Museu do Marajó é fundamental para a preservação do patrimônio material e imaterial da Amazônia. "Esse museu é uma herança do padre Giovanni Gallo, que foi um visionário ao coletar e abrigar materiais que contam a história milenar da ocupação da nossa região. Estamos muito felizes em celebrar o aniversário do Museu do Marajó valorizando essa iniciativa, que partiu da própria sociedade e que tem gigantesco valor cultural e patrimonial. Juntos, demos o primeiro passo para salvar o Museu do Marajó", disse a titular da Secult.

História - Concebido pelo padre italiano Giovanni Gallo, e criado de modo informal em 1972, o Museu do Marajó foi aberto ao público em 1984, durante as obras de recuperação e instalação, sendo inaugurado oficialmente em dezembro de 1987.

O Museu tem um acervo com cerca de 5 mil peças de cerâmica, sobretudo fragmentos, como pedaços de vasilhas e pratos. Boa parte desse material está catalogada no livro "Motivos ornamentais da cerâmica marajoara". Além de salvaguardar esse patrimônio arqueológico, o Museu foi criado para se tornar um polo de desenvolvimento por meio da cultura, oferecendo à comunidade cursos e oficinas, e estimulando o turismo na região.