Professor doutor Aldrin Figueiredo apresenta o quadro que retrata a tomada de posse da Amazônia pelos poetuguesesContinuando as ações do Preamar Cabano, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) está promovendo um contato cada vez maior entre a população e o patrimônio público do Pará. A prática ganha um novo impulsionador: o projeto “Obra Comentada”, que fez sua estreia na tarde de quinta-feira (9), no Salão Histórico do Museu do Estado do Pará (MEP). A programação contou ainda com apresentação musical por meio da ação “Música nos Museus”.
A aula aberta convidou o público a conhecer mais detalhes sobre a obra “A Conquista do Amazonas”, de Antônio Parreiras, e foi ministrada pelo professor doutor Aldrin Figueiredo. Ele fez uma ampla análise do quadro que retrata a tomada de posse da Amazônia pelos portugueses durante o século XVI.
Segundo Aldrin, a obra, encomendada pelo governador Augusto Montenegro no período da República, representa um conceito de magnitude e submissão. "Por ser uma tela grande, ela também narra um evento de enorme proporção, e tudo isso simboliza o encontro dos portugueses com essa região e a subjugação da população indígena. Representa o conceito de um Pará que quer passar a ideia de ser toda a Amazônia”, explica o professor. Ele ressalta ainda que “essa ação é importante pra mostrar que os acervos são vivos e que as obras de arte se referem a um tempo histórico da época, mas trazem uma leitura atual de interpretação”.
Patrimônio mais próximo – Apenas em sua estreia, o projeto “Obra Comentada” trouxe ao MEP diversos relatos de pessoas que possuem um vínculo com o espaço e tudo o que ele representa, como é o caso da socióloga Hellen Barreto. “Enquanto cidadã belenense, acho que é de fundamental importância essa obra ser comentada. Eu já trabalhei aqui no Museu do Estado e tenho observado que o espaço está evoluindo enquanto instituição do Pará. Isso contribui para a formação das pessoas”, comenta.
Apresentação musical por meio da ação “Música nos Museus”Para a antropóloga Juliana Dias, é muito importante a visitação nesses espaços. "Muitas vezes, a população passa em frente a esses lugares mas não entra, pois não se sente pertencente a eles”. Sobre a dinâmica da aula, ela ressalta que “essa explicação gera um suporte para entender e dialogar com a obra, lidando com o passado e o presente, que cria uma didática acessível”.
A iniciativa é apenas o começo, outras programações do projeto “Obra Comentada” já estão sendo pensadas, como revela o diretor do Sistema Integrado de Museus (SIM), Armando Sobral. “O 'Obra Comentada' vai abordar aspectos específicos da coleção do Estado, além dos prédios que por si só são grandes obras de arte. A ideia é chamar um especialista e trazer a população para essa troca em cada tema específico por meio de aulas, palestras, workshops e muito mais”, conta.
Música nos Museus – Compondo a grade de programações do Preamar Cabano, a tarde encerrou com muito chorinho regional e nacional, com apresentação do Trio Andaluz. Luiz Pardal, músico integrante do trio, destaca a positiva movimentação nos museus da capital. “Acho isso muito bom, principalmente na época do aniversário da Cabanagem, com ações que nos fazem relembrar esse movimento que é de grande importância para a nossa história”, aponta.
