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Governo oficializa administração do Museu do Marajó pela Secult

Pelos próximos três anos, a instituição fará parte do Sistema Integrado de Museus e receberá reforma orçada em R$ 1 milhão
Por Iego Rocha (SECULT)
10/01/2020 18h59

O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), assinou nesta sexta-feira (10) o Termo de Comodato que transfere temporariamente a administração do Museu do Marajó Padre Giovani Gallo ao Sistema Integrado de Museus (SIM). A gestão do espaço era feita pela Associação que leva o mesmo nome do Museu, localizado em Cachoeira do Arari, município do Arquipélago do Marajó, mas a partir da assinatura do termo a gestão passa a ser feita pela Secult por 36 meses (três anos).

Técnicos do SIM já iniciaram o processo de capacitação de agentes da própria comunidade para fazer a seleção e catalogação do rico acervo do Museu. O objetivo é assegurar a salvaguarda das peças, enquanto o espaço entra em reforma. A obra, estimada em R$ 1 milhão, deve iniciar no final de março, após o período de licitação para escolha da empresa responsável. Além de intervenção na fundação e cobertura, o espaço museal receberá reforma na reserva técnica e troca da pintura e do mobiliário.

Participaram da reunião Ursula Vidal, secretária de Estado de Cultura; Jaime Barbosa, prefeito de Cachoeira do Arari; Armando Sobral, diretor do SIM; Eduardo Portal, presidente do Museu do Marajó; Otaci Gemaque, vice-presidente, e membros da comunidade local. “Esse é um museu da gente do Marajó, um patrimônio que está no senso de pertencimento da população de Cachoeira do Arari a essa região. A garimpagem extraordinária que o Padre Gallo fez compõe uma museologia única no mundo. Por meio do comodato, damos início ao processo de corresponsabilidade do Estado por esse patrimônio, dentro dos parâmetros indicados pela comunidade”, informou a secretária.

Para Eduardo Portal, a parceria é a concretização de um sonho antigo. “Esse diálogo iniciou em janeiro de 2019 e culmina, hoje, com a assinatura. Nosso município foi agraciado com essa parceria e, para nós, isso é fundamental, não só pelo grande projeto que vai ficar para os anos futuros, mas pelo próprio recurso injetado na reforma do Museu, e que vai acelerar a economia local. Agradecemos à Secult, na figura da secretária, que veio dialogar conosco”, ressaltou o presidente do Museu.

Na avaliação do diretor Armando Sobral, “hoje foi um dia histórico, no qual o Governo do Estado, por meio da Secult, consolidou o processo de cooperação com a Prefeitura de Cachoeira do Arari para a implementação do Museu do Marajó. E o Sistema Integrado é um braço importante nesse sentido de construção do plano museológico e de todo o processo restaurativo do espaço, que vem a ser uma ferramenta importante de desenvolvimento econômico e social para a comunidade do município”.

Tradição – O Museu do Marajó foi criado em 1972 e aberto ao público em 1984, mas somente em 1987 ocorreu a inauguração oficial. Foi idealizado pelo padre Giovanni Gallo, museólogo que, além de coletar e proteger peças que contam a história milenar da região, defendia a ideia de que o público do espaço – predominantemente caboclo – tinha uma relação com o acervo diferente da que os visitantes em geral têm com os museus tradicionais. Esse pensamento inspirou a criação de um local onde os moradores de Cachoeira do Arari pudessem interagir com as peças. O acervo conta com aproximadamente 5 mil peças de cerâmica, conjunto formado por fragmentos de vasilhas, pratos e outros utensílios da cultura marajoara.

Há 33 anos atuando no Museu, Otaci Gemaque frisou a importância desse ato inédito. “Durante meus 74 anos de vida, acho que esse foi o momento mais feliz em relação ao Museu, com a assinatura desse comodato para a reforma. Esse era um dos sonhos do Gallo, e se tornou meu sonho também. Eu vivo aqui dia e noite e, anos atrás, ajudei o padre a montar alguns espaços. Não tenho nem palavras para explicar o que esse dia representa para mim”, disse o vice-presidente.