Localizado no bairro do Comércio, em Belém, um distinto prédio parece destoar dos edifícios vizinhos com finalidade comercial. Diariamente, centenas de pessoas passam pelo Arquivo Público do Estado do Pará (Apep) sem se dar conta da riqueza ímpar de seu acervo, com aproximadamente 4 milhões de documentos, que ajudam a narrar a história do país e do Estado, e podem ser acessados gratuitamente. No dia 16 de abril, a instituição completa 120 anos de fundação e a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) celebra a data com uma programação especial, de 15 a 16 de abril, que conta com exposição, lives e conteúdos digitais nos canais oficiais da Secult na internet.
“O Arquivo Público do Pará é uma trilha indispensável a ser percorrida para quem deseja compreender a complexidade política, simbólica, cultural e econômica da Amazônia. É um equipamento público, clássico e discreto que nos convida a alguma solenidade ao percorremos seus corredores e estantes. Mas é como um organismo vivo, se renovando a cada remessa de capítulos da história incorporada à sua missão de salvaguarda da memória documental da Amazônia e do Brasil. Celebrar estes 120 anos será como penetrar em riquíssimas camadas de tempo feitas de personagens, relatos, linguagens, ritos e relações institucionais e sociais que atravessam os séculos. Nossa programação mergulha no passado para mirar o futuro”, destaca a aecretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal.
O primeiro dia de ações começa com a exposição “Epidemias no Pará: memórias e histórias nos documentos do Arquivo Público”, que mostra a importância do Arquivo Público e de sua documentação no ambiente das pesquisas em torno das principais epidemias corridas no contexto amazônico ao longo dos tempos, como as de cólera, tuberculose e varíola. Até o dia 30 de abril, os visitantes poderão conferir tanto os documentos originais, que servem de fonte às pesquisas acadêmicas, quanto publicações produzidas a partir da consulta de documentos que compõem o acervo do Apep.
“É uma exposição que dialoga diretamente com o tempo presente. A partir dela, o visitante, instantaneamente, ligará seus pensamentos e observações ao contexto da pandemia da covid-19. A ideia não é fazer dessa experiência algo mórbido e triste, mas apontar caminhos, refletir sobre a posição de cada um nesse cenário, as mudanças necessárias que aconteceram nas cidades e nos comportamentos de seus habitantes”, explica Leonardo Torii, diretor do Arquivo Público.
As redes sociais oficiais da Secult também vão trazer informações relevantes, por meio de um conteúdo especial sobre a arquitetura e história do prédio do Arquivo Público, em mais uma edição do projeto “Conhecer para Preservar”, realizado por meio do Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Dpahc), que faz sucesso nas redes. Às 10h, haverá a live “Conservação e preservação de documentos em suporte de papel na Amazônia”, com a participação de Ethel Valentina Ferreira Soares. Já às 11h, haverá a live “A criação do Arquivo Público do Estado do Pará: história, memória administrativa e patrimônio histórico”, com a diretora do Dpahc, Karina Moriya.
Ainda no dia 15, às 16h, o Prof. Dr. Jairo de Jesus Nascimento da Silva, da Universidade do Estado do Pará, e a Profa. Msc. Maria José Martin, da Secretaria de Estado de Educação, participam da live “Epidemias no Pará: memórias e análises”, com a mediação de Leonardo Torii.
O último dia de programação, sexta-feira (16), começa com a live “120 anos de Arquivo Público: os usuários e suas histórias", que terá participação da Profa. Dra Anaíza Vergolino e Silva, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará; da professora Ana Carolina Mesquita da Luz, da Rede Sesi; e de Gerlian Silva de Souza, doutoranda em Desenvolvimento Socioambiental do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da UFPA. Em seguida, os servidores Sandra Lúcia Amaral, João Rodrigues Lopes e Marcos Almeida participam da live “O Arquivo Público visto por dentro: conversa com os servidores”.
A exposição “Epidemias no Pará: memórias e histórias nos documentos do Arquivo Público” estará aberta à visitação a partir do dia 15, até o dia 30 de abril, das 9h às 15h, no prédio do Arquivo Público, sem agendamento prévio, mas poderão entrar apenas duas pessoas por vez. É obrigatório o uso de máscara no local, bem como cumprir todas as medidas de prevenção à covid descritas no espaço. As lives serão transmitidas pelo canal oficial da Secult no YouTube: Secult Pará.
Memória - O acervo do Arquivo Público abrange registros dos períodos colonial, imperial e republicano. E de acordo com Leonardo Torii, o material ajuda a compreender, por exemplo, a ocupação da Amazônia pelos portugueses, as múltiplas vivências dos europeus com os grupos indígenas, a introdução e o trabalho de etnias africanas na região, a entrada dos inúmeros imigrantes, os conflitos e revoltas, as transformações políticas, econômicas, sociais e culturais ocorridas nos últimos quatro séculos.
“Por isso, o Arquivo Público do Estado do Pará é considerado uma das principais instituições arquivísticas do Brasil. Ele guarda documentos dos séculos XVII ao XXI. Eles abrangem um espaço geográfico que engloba praticamente boa parte da chamada Amazônia Legal”, pontua o diretor.