Como parte da programação do Preamar Cabano, “Diálogos com o patrimônio” convidou o público a imergir no patrimônio material e imaterial do Estado do Pará, nesta sexta-feira (10).
Logo no início da manhã, a Igreja de Santo Alexandre foi o cenário de uma viagem no tempo. O público foi convidado a voltar passado em uma visita monitorada pela Igreja, que abriu a programação organizada pelo Departamento de Patrimônio Histórico Arquitetônico e Cultural (DPHAC), da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), realizada pelo Governo do Pará. Durante o resto do dia, a ação seguiu com viagens por outros espaços e tempos, por meio da visitação ao acervo dos museus propostas por diversas linguagens.
Interatividade - A Igreja de Santo Alexandre e o Museu do Estado do Pará receberam o público para mais um dia intenso de atividades interativas do Preamar Cabano, calendário que celebra o aniversário de 185 anos da Cabanagem e os 404 anos de Belém. Teve de tudo: oficina de produção de cartões postais, que estimulou os visitantes a dedicar seus votos a Belém em um varal expositivo, palestra histórica sobre a tomada da cidade pelo movimento cabano em 1835, a construção coletiva do Painel Cabano - instalação artística a partir de documentos da Biblioteca do DPHAC e acervo do Sistema Integrado de Museus (SIM) - além do sermão teatralizado pelo diretor do Museu de Arte Sacra (MAS), Emanuel Franco, que também é ator. Trajado de Padre Antônio Vieira - célebre pregador jesuíta na Amazônia do século XVII – o diretor cativou os olhares mais curiosos durante a visita guiada pela história deixada pela ordem na cidade.
“Eu gostei muito dessa proposta porque não é sempre que a gente tem uma apresentação que se preocupe em ambientar um local ou uma época que já conhecemos. Fica muito mais fácil termos uma noção dos fatos e nos conectarmos a eles. Isso que é importante para mim: ter essa conexão”, conta o estudante de arquitetura Arthur Moreira.
Viagem no tempo - O patrimônio somente existe por conta da relação do passado com o presente. Dessa forma, a programação visou estimular o público a conhecer o acervo dos museus, que guarda, entre outras peças, os documentos utilizados para a confecção do Painel e para a cartografia do início da Cabanagem em Belém, que foi apresentada na Palestra, além dos próprios espaços museais, que propõem um diálogo a partir da própria materialidade do ambiente.
A técnica em gestão cultural do DPHAC, Iara Iaci de Melo, que monitorou a visita pela Igreja de Santo Alexandre, completa: “nós estamos no núcleo de fundação da cidade, então a ideia aqui era transportar as pessoas no tempo. Levar as pessoas ao século XVII utilizando o acervo da Igreja. Então, essa apresentação foi pensada para aguçar os sentidos em relação a isso. Não só os sonoros, mas também os da literatura, dentro desse espaço que é um ambiente barroco”.
Participação ativa - Grande parte do público iniciou a programação pela manhã e participou até o fim da tarde, quando os questionamentos ávidos feitos à professora Eliana Ramos (PPHIST/UFPA) na palestra “Cartografia da tomada de Belém: Trilhas e trincheiras urbanas da rebeldia cabana - 1835” prolongaram o tempo previsto para a duração, revivendo detalhes e vestígios de uma das maiores expressões históricas do Pará. Nem o sol, que já se escondia, afastou pessoas como a advogada paranaense Ana Almeida, que, de férias na capital, tem participado de outras programações do Preamar Cabano. “Acho que foi muito importante para a população não só do Pará como do Brasil. Vinda do Sul, para mim é uma oportunidade única de conhecimento, não só de história, como também de cultura. Acho bastante enriquecedora essa programação e parabenizo o Estado do Pará e as instituições públicas por darem essa possibilidade”.
A diretora do departamento, responsável pela organização da programação, destaca como saldo positivo a participação em quantidade e qualidade, com a interação do público. “’Diálogos com o Patrimônio’ é um programa de educação que objetiva sensibilizar a população quanto ao seu patrimônio e, com a programação dos museus no Preamar Cabano, tivemos uma chance de divulgar mais a história desses lugares para o entendimento deles como bem não só edificado, mas também cultural”, finaliza Karina.