O Penúltimo dia do Preamar Cabano, transportou os espectadores para uma cidade de Belém dos anos 50. Tudo isso, por conta do lançamento da exposição ‘Uma Certa Belém’, que abriu as portas no último sábado (11), na Galeria Fidanza, localizada no Museu de Arte Sacra. O evento acontece dentro da programação em comemoração aos 404 anos da cidade, promovido pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
A exposição compõe um acervo voltado para a temática dos casarões demolidos na época da borracha. São diversas peças doadas ao Estado pelo imigrante japonês Kenichiro Motok que na época guardou fragmentos das edificações derrubadas por sua empresa de demolição – Foram cerca de 300 prédios demolidos. São azulejos, objetos de ferro de fundição, pinhas e um variado acervo fotográfico doado por Carmen Cal e Samuel Sostenes.
Com Curadoria de Nando Lima e Emanuel Franco, Diretor do Museu de Arte Sacra, a exposição permeia a memória e o esquecimento, fazendo o público pensar a respeito de uma Belém preservada.
“Essa exposição é um grande de mote para incentivar esse caráter expositivo”, aponta Emanuel Franco. Para ele “ ‘Uma Certa Belém’ busca mostrar o quão importante é o patrimônio e a memória para que possamos zelar pela arquitetura de Belém com sensibilidade”.
Segundo Nando Lima, o trabalho de curadoria serviu justamente para ambientar uma cidade que possui características físicas que o tempo não apagou. “A ideia da curadoria basicamente foi visitar o acervo que existe no SIM com esse tipo de material. Nosso trabalho de curadoria uniu todos esses detalhes e com isso buscamos mostrar uma Belém que existe ainda na lembrança das pessoas”, ressalta.
Os detalhes dos fragmentos despertou a curiosidade de quem veio até a Galeria Fidanza explorar um pouco da historia da Cidade das Mangueiras. Para a estudante Ana Carolina Ferraz cada peça simboliza um pedaço grande da nossa história. “Fiquei encantada e achei muito interessante a composição que vocês fizeram das peças. Cada uma delas foi pensada para compor um cenário muito maior. Os casarões de fato eram encantadores”, destaca.
Relacionando uma Belém presente com um patrimônio físico apagado, a pesquisadora Dayseane Ferraz relata que “A coleção exposta, do acervo Motoki figura entre as coleções mais antigas presentes no Governo do Estado. Está associada a um processo de edificação de uma memória urbana ao mesmo tempo em que demoliu grande parte deste cenário de Belém”.