Símbolo da história e da memória de Belém, o Cemitério da Soledade carrega registros significativos ao longo de seus 171 anos de existência. O espaço foi testemunha de duas epidemias que marcaram o século XX – febre amarela e cólera –, e nele foram sepultadas mais de 30 mil pessoas. Com o encerramento das atividades em 1880, e acentuado processo de degradação, o cemitério foi tombado em 1964 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio arquitetônico, urbanístico e paisagístico. Em 20 de março deste ano, após uma vistoria técnica, a Defesa Civil Municipal interditou o espaço, que já apresentava riscos de queda do pórtico.
Símbolo de uma época importante da história de Belém, o Cemitério da Soledade será um espaço de preservação da memória e do patrimônio arquitetônicoPara recuperar esse patrimônio histórico da capital, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), e a Prefeitura de Belém, via Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), assinaram um Acordo de Cooperação Técnica para o restauro e requalificação do Cemitério da Soledade, no Palácio dos Despachos, nesta segunda-feira (12). O objetivo da parceria é transformar o antigo cemitério em um parque público, incorporando um museu e outras ações culturais, que serão abertas à população.
Governador Helder Barbalho e prefeito Edmilson Rodrigues (c) após a assinatura do Acordo de Cooperação, ao lado de outras autoridadesO projeto de revitalização começou a ser discutido pelos titulares da Secult, Ursula Vidal, e da Fumbel, Michel Pinho, no início deste ano. A obra deve ser concluída em 12 meses. A assinatura do Acordo de Cooperação garante o início da primeira fase do projeto ainda nesta semana, de caráter emergencial. A etapa inicial terá duração de 120 dias, e inclui revitalização do muro; do pórtico, com risco atual de queda; calçamento lateral e reestruturação da parte elétrica e hidráulica.
“Nós estamos em uma agenda importante de resgate da cultura, fazendo com que Belém possa reabrir o Cemitério da Soledade, fazendo com que esse patrimônio histórico possa ser resgatado como um novo ponto de visitação, valorizando a cultura e a memória. Belém tem uma história fantástica, que precisa ser a cada instante valorizada. Iniciativas como esta, em que a Secretaria de Cultura, junto com a Fumbel, trabalha para recuperar e garantir espaços que sirvam de visitação, de estímulo ao turismo e, acima de tudo, resgatando a memória para as próximas gerações, são fundamentais”, frisou o governador Helder Barbalho.
As próximas etapas das obras incluirão o projeto de intervenção, com a construção de um pórtico para acesso pela Travessa Dr. Moraes; execução dos projetos complementares, incluindo a parte estrutural, elétrica, hidrossanitária, logística, de ar condicionado, de prevenção e detecção de incêndio, e a segurança da área. Também estão previstos os projetos luminotécnico (de iluminação cênica) dos elementos integrados, e das exposições; do projeto de paisagismo geral, e da sinalização dos espaços de apoio ao circuito expositivo e design gráfico dos painéis das exposições, levando em consideração os textos e imagens do projeto de musealização.
Preservação - Para a secretária Ursula Vidal, a realização do projeto de restauro e revitalização do Cemitério da Soledade é mais uma demonstração de como o Governo do Pará prioriza a preservação do patrimônio, da memória e da história da cidade. “Essa é uma obra que vai durar cerca de um ano e tem várias etapas. É um trabalho muito delicado de reconstituição e de restauro de muitos elementos dessa arquitetura mortuária. O Cemitério da Soledade é por si só um museu a céu aberto, e nós queremos devolver esse espaço à população, que tem também muitas práticas de devoção popular, para que ele seja um cemitério-parque, e para que, no coração da cidade, tenhamos mais um equipamento público que dá orgulho para a nossa gente”, destacou.
O espaço a ser restaurado ocupa uma quadra no centro da capital paraenseA importância dessa parceria para a recuperação do espaço também foi enfatizada pelo prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues. “No momento em que estamos superando a pandemia de Covid-19, estamos aqui assinando um acordo para restaurar e transformar em museu o Cemitério da Soledade, um local que recebeu paraenses durante outra pandemia, a da gripe espanhola. É uma quadra inteira no centro da cidade que está há muito tempo em desuso, e agora passará a ter uma nova função. Parabenizo a Secult e a Fumbel por fazerem os primeiros diálogos, para que hoje estejamos assinando a certidão de nascimento da obra de recuperação do nosso Cemitério da Soledade”, reiterou o prefeito da capital.