A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) abriu na noite desta sexta-feira (08), na Capela do Museu do Estado do Pará (MEP), a Estação 4 do Preamar do Círio, com a exposição “Um carnaval devoto”. A mostra, que seguirá aberta ao público até 31 de outubro, reúne imagens do lado festivo do Círio de Nazaré, com ênfase no Auto do Círio. A programação conta ainda com a exibição de um vídeo, na lateral do MEP, produzido pelos realizadores do Auto do Círio, uma tradicional manifestação da cultura popular, que também integra o ambiente simbólico da festa.
Moradora do município de Óbidos, no Oeste do Pará, Izanice Rocha, 49 anos, está pela primeira vez em Belém para participar da festividade nazarena. Ela foi uma das primeiras visitantes da exposição. “Estou muito feliz em estar aqui, conhecendo essas manifestações que fazem parte do Círio. Esta exposição é meu primeiro contato com o Auto do Círio, e percebo que traz um resgaste de apresentações ao longo do tempo com essas indumentárias lindas, que acredito terem sido usadas em edições passadas. Estou ansiosa pra conhecer mais, apreciar o vídeo e tudo mais que a programação possa me oferecer, para eu conhecer mais sobre esse outro lado da festividade”, disse a visitante. Indumentárias usadas no Auto do Círio integram a exposição na Capela do MEP.
Emoção e história - Tarik Coelho, coordenador do Auto do Círio e curador da exposição, afirmou estar feliz em realizar a programação, ainda que de forma adaptada. “Quando recebemos o convite do MEP começamos a analisar o que expor. Inicialmente, pensei nos estandartes do Auto do Círio que temos desde 2013, e procurei também trazer um elemento de cada ano, desde 2015, quando comecei a fazer parte do evento. É muito emocionante estar mostrando o Auto do Círio pela cidade, mesmo que não seja com o evento, mas sim com a história dessa manifestação, que é um programa de extensão que ocorre desde 1993. Então, trazer para o Museu e ser reconhecido enquanto manifestação, é muito importante. Estou muito feliz”, garantiu o coordenador.
Para o diretor do Museu do Círio, Anselmo Paes, o “Carnaval Devoto” surge da necessidade de marcar a ambiguidade entre o sagrado e o profano. “O Auto do Círio vem como síntese desse encontro, e também para valorizar o trabalho do artista paraense, que nessa ocasião se apresenta a partir de figurinos, de fantasia. Para isso, trouxemos novamente o termo Carnaval Devoto, que já é um termo debatido entre estudiosos, para poder construir o nosso sonho, que é ocupar a capela com outro sagrado. Não o da religião, mas o sagrado selvagem que surge da arte, da performance, do amor, da paixão, que inclusive está no teatro. E é assim que a gente consegue realizar, aos pouquinhos, os nossos projetos com apoio da Secult, diretoria do Auto do Círio e o Museu do Círio se torna um espaço do afeto, do encontro e dessas realizações que todo ano a gente tem alcançado”, explicou Anselmo Paes.