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Governo do Pará irá entregar Museu do Marajó totalmente reformado, em Cachoeira do Arari

Espaço de cultura conta agora com um grande salão de exposições, remanescente do museu original, incluindo fachada e área de exposições
Por Josie Soeiro (SECULT)
31/01/2022 14h40 - Atualizada em em 14/02/2022 09h04

Na próxima quinta-feira, 03 de fevereiro, às 10h, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), concretiza mais um trabalho para preservação da cultura, história e memória do povo marajoara, com a entrega do novo Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari.

O espaço idealizado e fundado pelo museólogo e visionário padre jesuíta, Giovanni Gallo, será entregue totalmente reformado. O compromisso, assinado pelo governador Helder Barbalho, em 2019, vai ajudar a manter vivo o sonho do Padre Gallo e de toda comunidade, que tem uma relação de afeto com o equipamento, além de trazer mais recursos e desenvolvimento para a região do Marajó.

Para muitos, a história do Museu do Marajó começa em 1977, quando o padre Giovanni Gallo fundou o "Nosso Museu do Arari", no município de Santa Cruz do Arari, no arquipélago marajoara. Mais tarde, transferido para o município de Cachoeira do Ararai, Gallo segue seu sonho de apresentar a cultura marajoara para o mundo e em 12 de dezembro de 1984 funda o Museu do Marajó, no local onde antes funcionava uma usina de extração de óleos vegetais.

O acervo do equipamento, sob o cuidado do Sistema Integrado de Museus e Memórias da Secult (SIMM), em parceria com a Diretoria do Museu, guarda fotos, peças de cerâmicas arqueológicas, artefatos de uso cotidiano, instrumentos de trabalho da população local, animais empalhados, computadores caipiras, além de apontar para o compromisso do fundador em fazer daquele lugar um ambiente que valoriza o homem marajoara, suas ideias, costumes, valores, pensamentos e integração do homem com a região.

Desde que o religioso faleceu, no início dos anos 2000, sua diretoria lutou para manter de pé o equipamento, driblando a falta de recursos e pouco conhecimento técnico para mantê-lo funcionando. Em 2018, o espaço foi fechado pelo corpo de bombeiros, por conta do comprometimento estrutural. Foi então, que a atual gestão do Governo, que havia acabado de assumir o Estado, se comprometeu com a reforma estrutural do museu.

“Encontramos o Museu em uma situação complicada de degradação por falta de recursos. O nosso primeiro passo, junto com a equipe de documentação foi fazer o arrolamento do acervo, tentamos fazer um trabalho de qualificação de gestores locais, documentação de acervo. Precisávamos ter uma noção de quantidade, variedade, tipologia, temáticas, tudo o que o Gallo legou para essa comunidade, ao longo das décadas. Em seguida, iniciamos o trabalho com maior diálogo com a comunidade para entender os processos, os funcionamentos de algumas coisas dentro do Museu, nos aprofundarmos mais na relação com o acervo e em seguida, partimos para a qualificação de agentes museais locais para esse corpo que viria atuar no museu", destaca Armando Sobral, diretor do SIMM. 

Para Sobral, "O Museu não tem um papel somente de ser um espaço voltado para o entretenimento, ele é um espaço de conhecimento, de reação de tudo aquilo que aflige uma comunidade, essas questões são tratadas aqui”.

Investimentos

O projeto arquitetônico de reforma do Museu do Marajó foi concebido pelo Departamento de Projetos da Secult, após diversas escutas e participação ativa da comunidade. Ele traz como conceito o diálogo entre a tradição e a contemporaneidade.  Com uma área útil de 3.062m², o Museu do Marajó conta agora com um grande salão de exposições, remanescente do museu original, incluindo fachada e área de exposições.

Na atual concepção museológica foram incluídos novos espaços associados ao grande salão original: como um novo acesso, através de um hall de entrada voltado para a rua principal, uma lojinha do Museu, área administrativa e apoio técnico, a casa do Padre Gallo, varandas externas voltadas para o bosque do Museu e um novo acesso coberto para a reserva técnica do complexo. Também foram incluídos no novo conceito um conjunto de banheiros públicos e circulações internas ajardinadas.

Nas áreas externas, anexas ao pavilhão principal do Museu, foram incorporadas duas praças, uma interna que conecta o pavilhão principal do Museu à sepultura e à casa do padre Gallo, além da praça externa criada a partir da retirada dos muros do Museu ao longo da nova fachada principal, possibilitando uma interação direta com a cidade. Com a reforma, o Museu também recebeu novas instalações elétricas, hidrossanitárias, instalações de prevenção e combate à incêndios. Além de iluminação especial para a exposição e climatização geral. O investimento total foi de R$ R$ 3.876.302,95.

Qualificação, emprego e renda para a comunidade

A obra gerida pelo corpo técnico da Secult durou um ano e nesse tempo gerou emprego e renda local, empregando mais de 50 trabalhadores da comunidade e de comunidades próximas. Além do investimento estrutural, o Governo investiu na formação e capacitação local. Desde que a Secult assumiu a gestão compartilhada do espaço, por meio de seu Sistema Integrado de Museus e Memórias (SIMM), foram ofertadas capacitações de agentes da própria comunidade para fazer a seleção e catalogação do rico acervo do museu, com ofertas de bolsas para a formação continuada ao longo de um ano. 

A Secretaria também realizou recentemente um Processo Seletivo Simplificado para os cargos de Assistente Administrativo, Técnico em Gestão Cultural – Historiador, Técnico Gestão Cultural – Museólogo e Técnico em Gestão de Informativa – Sistema de Informações, que vão gerir o espaço. No total, 05 pessoas foram contratadas e já começaram a trabalhar no Museu. 

“O projeto de reforma, requalificação e ampliação do Museu do Marajó foi abraçado pelo Governo com a responsabilidade de quem faz política pública com afeto e com muito respeito pela  história e pelas dinâmicas sociais do território. O senso de pertencimento do povo de Cachoeira do Arari com o Museu do Marajó atravessa gerações e tocou profundamente toda nossa equipe. Foi uma extraordinária jornada projetar e reorganizar um espaço que valorizasse a riqueza deste acervo arqueológico, a multiplicidade de abordagens sobre os modos de vida do homem marajoara e seu domínio material e simbólico desta região regida pelas águas", explica a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal.

Para a titular da pasta, esse é "Um projeto expositivo tão bem representado na inventividade singular do Padre Gallo, que sempre contou com a participação direta da comunidade na construção deste espaço de memória. Um compromisso assumido pelo Governo nos primeiros dias de gestão e que se materializa agora na forma de um belíssimo e moderno equipamento público"

Programação de entrega

Assim como sua inauguração na década de 1980 foi marcada por festejos, a entrega da reforma do Museu do Marajó promete uma cerimônia animada por manifestações da cultura popular de Cachoeira e apresentações com a participação de artistas da região do Marajó.

A cerimônia inicia às 10h, em frente ao Museu com a presença do governador Helder Barbalho, senador Jader Barbalho quem destinou ao projeto 1 milhão de reais em emenda parlamentar, a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, o secretário Regional do Marajó, Jaime Barbosa, o secretário de Estado de Turismo, o secretário de Transportes, Adler Silveira, o prefeito de Cachoeira do Arari, Antônio Bambueta e outras autoridades. Após o descerramento da placa, haverá cortejo das crianças do Cordão do Galo até o ginásio poliesportivo Manoel Xavier Barbosa, onde haverá show do Arraial do Pavulagem e diversos artistas locais.