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Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) apresentará obra composta por maestrina paraense

Obra “Tekoaku Arakuá”, de Cibelle Donza, será regida pelo maestro convidado Dean Anderson
Por Thaís Siqueira (SECULT)
04/04/2022 14h27 - Atualizada em em 22/04/2022 15h11

Na próxima terça-feira (05), o maestro norte-americano Dean Anderson virá a Belém como regente convidado da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) para apresentar a estreia da obra Tekoaku Arakuá, composta pela maestrina paraense Cibelle Donza. A apresentação será a partir das 20h, no Theatro da Paz, com ingressos a R$2,00, podendo ser adquiridos a partir das 9h no dia do concerto. O espetáculo é uma realização do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Theatro da Paz e da Academia Paraense de Música (APM).

A apresentação da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), sob o comando de Dean Anderson, promete ao público grande percepção de transformações sonoras da orquestra. A estreia internacional, como destaque da noite, será a obra “Tekoaku Arakuá”, de Cibelle Donza. Musicalmente, foi construída com uma mistura de linguagens e técnicas, tradicionais e contemporâneas, buscando criar texturas sonoras e timbres que se transformam ao longo da música. Trata-se de uma homenagem a todos os músicos e gestores que já construíram e ainda constroem a OSTP, desde o início, até os dias de hoje. 

A concepção da obra aborda os processos que levam às transformações, acertos e erros no caminho para a maturidade e sobre a valorização da criatividade como a chave para isso. Por esse motivo, a compositora fala que, para dar nome à obra, escolheu unir essas duas palavras indígenas, de tronco Tupi-Guarani, que expressam exatamente isso: “Tekoaku”, literalmente "modo de ser quente; estado de alerta", se refere àquilo que se sente nos momentos exatos das transformações de um estado para outro; e “Arakuá”, literalmente "maturidade: fazer com que se desenvolva, que se abra, que surja". Os Guaranis entendem que alcançar maturidade é criar, então, valorizam e estimulam sempre a criação de novas coisas. É exatamente isso que Cibelle deseja para a OSTP “que a orquestra se desenvolva, constantemente, que se abra e se expanda cada vez mais, valorizando sempre a criação de novas coisas e vivendo em um constante modo de ser quente, em direção às camadas cada vez mais profundas da maturidade, aquela do entendimento dos indígenas, cumprindo em si o papel mais sublime da Arte”.

Natural de Belém do Pará, Cibelle J. Donza é maestrina e compositora, atual diretora artística e maestrina da Orquestra Filarmônica MultiArte da Amazônia (Orquestra FILMA), é regente principal da Big Band Zarabatana Jazz Band e, também, professora da Escola de Música da Universidade Federal do Pará (UFPA). Cibelle já conduziu inúmeras vezes a OSTP e outras importantes orquestras brasileiras, durante festivais internacionais. Suas composições abrangem não só o tema sinfônico, pois, têm, também, executadas obras camerísticas para trios, quartetos, duos e sextetos, além de obras acusmáticas, eletroacústico-mistas e trilha para curta metragem.  

Convidado

Quem conduzirá o espetáculo será o maestro Dean Anderson, que há cinco anos veio a Belém se apresentar com a OSTP. Ele conta que gostou muito da energia e entusiasmo do público paraense e ressalta a grande evolução dos músicos que compõem a orquestra. Ele conta que à época, seu repertório estava bastante americanizado e, agora, diz que está sendo uma experiência bastante diferente, com um repertório que contém a apresentação da estreia da compositora paraense e de músicas francesas que, da mesma forma, levarão muitas “cores e tons” ao público. O maestro conta, ainda, que deseja explorar mais sua relação com a música brasileira, pois, sente que existe muita energia e o sentimento de aventura nos ritmos e melodias do país. 

Sobre as peças francesas, escolhidas pelo maestro, uma é da primeira metade do século XIX e, a outra, da primeira metade do século XX, levando ao público um verdadeiro contraste da música francesa. “La Mer”, de Claude Debussy, compositor romântico francês, é uma obra da corrente musical impressionista que gerou impacto no público de seu tempo. Embora não seja melódica, transmite uma explosão de sons e emoções; e “Sinfonia Fantástica Opus 14”, do francês Hector Berlioz, nome oficial “Episódio da Vida de um Artista, Sinfonia Fantástica em Cinco Partes”, é uma música com cinco movimentos, o que não é muito usual para uma sinfonia, em que cada movimento possui uma temática diferente, como percurso de um sonho de pura fantasia. Trata-se de uma composição criada por inspiração de sua paixão não correspondida pela atriz irlandesa Harriet Smithson, após vê-la representar o papel de Ofélia na peça Hamlet.

Dean Anderson é doutor em Artes Musicais pela UCLA, estudou regência, violino e, recentemente, completou uma residência como Maestro Visitante na Saarländiches Staatsoper, uma companhia de ópera profissional em Saarbrücken, na Alemanha. Versátil e colaborativo regente de orquestra, é frequente convidado de orquestras profissionais ao redor do mundo. Seu repertório abarca desde as mais populares obras de Beethoven e Brahms até obras recentemente criadas por compositores de diferentes nacionalidades. Assim, seus compromissos internacionais incluem concertos com orquestras na Europa, Ásia e América do Sul.

Para esta apresentação, o público não deve esperar uma melodia clássica tão evidente das músicas deste programa, mas, a orquestra trará uma harmonia de sons com única combinação de seus instrumentos. Segundo o maestro, o “público será banhado pelas cores e sons da orquestra”. A retirada de ingressos poderá ser feita na bilheteria do Theatro da Paz e pelo site www.ticketfacil.com.br. Os ingressos estarão disponíveis a partir das 9h da manhã no dia do concerto e custarão R$ 2,00 (dois reais). 

Texto com informações de Daniel Grahan (Ascom/APM)