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Em Belém, MEP recebe itinerância da mostra “Imagens que não se conformam”

O acervo percorrerá o país em diálogo com produções, algumas inéditas, de artistas contemporâneos, e a capital paraense primeiro destino
Por Josie Soeiro (SECULT)
21/03/2023 14h58 - Atualizada em em 21/03/2023 15h01

A partir desta quinta-feira (23) de março, o Museu do Estado do Pará (MEP), em Belém, recebe a exposição “Imagens que não se conformam”. A exposição é realizada pelo Ministério da Cultura, Instituto Cultural Vale e Instituto Odeon com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), é gratuita e segue aberta até o dia 25 de junho. 

A mostra reúne peças da coleção do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e trabalhos de artistas contemporâneos com obras raras do acervo do IHGB que remetem aos períodos colonial, imperial e republicano do Brasil. Além disso, traz trabalhos de artistas paraenses contemporâneos, propondo um diálogo profundo acerca da desconstrução das narrativas históricas já constituídas.

A experiência, que circulará o Brasil iniciando por Belém, seguirá rumo a São Luiz (MA) e Ouro Preto (MG), é baseada no diálogo entre o antigo e o novo, contará sempre com curadores e artistas das respectivas localidades, reconhecendo assim a diversidade da produção contemporânea e inventariando a multiplicidade de visões sobre a história do Brasil. A itinerância por três estados brasileiros reflete o trabalho de articulação do Instituto Cultural Vale na busca pela descentralização e integração das diversas manifestações culturais por todo o país.

“Começamos por Belém, que é um berço da arte contemporânea brasileira, e seguiremos o curso da discussão para outras duas cidades simbolicamente muito fortes para a cultura do nosso país. Essa itinerância é uma oportunidade de descortinar esse importante acervo, com atenção inclusive à sua conservação, que servirá como ponto de partida para a conversa com curadores e artistas”, comenta Carlos Gradim, presidente do Instituto Odeon, idealizador e realizador da itinerância. “Nossa intenção é possibilitar um território de conversas para que a história possa ser revista e ressignificada sob outros pontos de vista, que não apenas o que já está posto. A arte contemporânea é imprescindível para esse fim”, avalia.

“Imagens que não se conformam" procura tornar mais conhecida do público a coleção do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), instituição cultural mais antiga do Brasil, fundada em 1838, sob a proteção do imperador D. Pedro II, com objetivo de recolher documentos da história nacional. Com a proposta de colocar lado a lado peças da coleção do IHGB com obras de arte contemporânea e do patrimônio cultural paraense, propõe a interrogação sobre nossa atualidade em perspectiva histórica a partir da experiência amazônica diante do quadro nacional. "A expectativa é que o inventário de diferenças entre o antigo e o novo, entre o erudito e o popular, entre o nacional e o regional, estimule pensar historicamente o Brasil atual e seus desafios a partir de uma abordagem sensível”, detalha Paulo Knauss, sócio titular e vice-presidente do IHGB, além de curador da exposição.
 
Participação paraense - Um diferencial importante na montagem da exposição na capital paraense é a participação de artistas locais reconhecidos internacionalmente pela relevância de suas produções, que criaram obras inéditas para a mostra: Berna Reale, Nay Jinkins e Marcone Moreira. Destacam-se ainda Emmanuel Nassar, Luiz Braga e Alexandre Sequeira.

Foto: Flávia Mutran / Divulgação

“A inclusão da Amazônia na rota de itinerância das grandes exposições brasileiras reforça a urgência de corrigir exclusões históricas, que negligenciaram a região Norte no mapa do acesso às políticas culturais. O Pará tem sua digital impressa em capítulos importantes da produção artística nacional e é um território de enclaves. Este contexto está presente na produção dos artistas paraenses que problematizam as bordas, as fronteiras, os apagamentos, a memória e o universo simbólico de uma Amazônia em constante vertigem”, destaca a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal. 

 A estreia da exposição ocorreu em 2021, quando esteve em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR), onde o diálogo aconteceu com artistas cariocas. “‘Imagens que não se conformam’ destaca a importância de revisitarmos nossa História, recriando memórias a partir do contato com a arte. "Esta montagem em Belém proporciona uma experiência única, integrada ao território, ao incluirmos artistas paraenses para construir novas narrativas. Participar da articulação e realização desta iniciativa, desde a sua concepção no MAR, marca a atuação do Instituto Cultural Vale pela preservação e democratização do acesso à cultura e pelo fortalecimento de cenários artísticos locais e descentralizados”, diz Hugo Barreto, diretor presidente do Instituto Cultural Vale.
 
A curadoria local será de Aldrin Figueiredo, diretor do Museu do Instituto Histórico e Geográfico do Pará. “A exposição é um confronto de imagens e objetos, uma acareação do passado a partir do presente. Ao interrogar narrativas visuais do passado, a exposição acaba por renovar os significados das próprias peças da coleção do IHGB, tanto do ponto de vista artístico, como sobre seu posto documental. Na exposição em Belém do Pará também se questiona a ideia de centro e periferia na história e na arte brasileira.” explica Aldrin.

Serviço:
Exposição “Imagens que não se conformam”
De 23 de março a 25 de junho de 2023 no Museu do Estado do Pará (MEP)
Endereço: Praça Dom Pedro II, s/n - Cidade Velha, Belém (PA) – entrada gratuita

Sobre o Instituto Cultural Vale - Com o propósito de potencializar a atuação da Vale na cultura, valorizar patrimônios, democratizar o acesso e incentivar diferentes expressões artísticas, foi criado, em 2020, o Instituto Cultural Vale. Sua atuação está ligada à visão de que a cultura é instrumento de transformação social, capaz de gerar impacto positivo na vida das pessoas e construir um legado para as próximas gerações. A Estrutura de Governança do Instituto Cultural Vale é composta por: Conselho Estratégico, Conselho Fiscal, Diretoria Executiva e um painel de especialistas.

Sobre o Instituto Odeon - O Instituto Odeon é uma Organização Social da Cultura (OSC) sem fins lucrativos que atua na gestão cultural há mais de 25 anos. Atualmente é gestora do Museu da Diversidade Sexual de São Paulo, correalizadora do projeto artístico do Museu de Arte do Rio, além de gerir o Circuito Municipal de Cultura de Belo Horizonte e a Itinerância da exposição "Imagens que não se conformam". Organização Social responsável pela inauguração do Museu de Arte do Rio, em março de 2013, o Odeon atua na gestão artística e cultural em diversas cidades do Brasil.