Com um repertório latino amazônico, a Amazônia Jazz Band (AJB) fez um show inédito em Icoaraci. O concerto aconteceu na Estação Cultural de Icoaraci, na noite do sábado (30), com entrada franca, e sob a regência do maestro titular da AJB, Elias Coutinho. A iniciativa é do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SECULT), do Theatro da Paz e da Academia Paraense de Música (APM).
A apresentação foi pensada levando em consideração que seria apresentada em um local externo, trazendo prioritariamente músicas que têm como estilo a 'pegada' latina e suas vertentes, entre elas, ‘Closely Dancing’, um bolero de Arturo Sandoval, um grande trompetista cubano.
Para quebrar esse repertório, trouxe ‘Isn’t She Lovely’, uma música que, apesar de ser um clássico pop, de Stevie Wonder, que ele compôs para sua filha quando ela tinha apenas dois minutos de vida, ganhou um arranjo jazzístico com muita improvisação e, ao mesmo tempo uma linguagem mais densa da Big Band.
A AJB também executou ‘Carinhoso’, que é um choro superfamoso. Esses dois pontos dentro do show foram escolhidos para serem os de maior reflexão e emoção, para trazer justamente essa quebra rítmica.
Para Raquel Silveira, produtora cultural, a noite foi de surpresas muito agradáveis na vila sorriso. “Icoaraci é muito rica em cultura popular, pássaros, boi, artesanato, mas de música clássica, jazz e música mais contemporânea não. Ver a Estação lotada nos enche de felicidade”, explicou.
Por último, a big band executou ‘HORN OF PUENTE’, música de um grande compositor, arranjador, dono de uma Big Band norte-americana, Gordon Goodwin, uma salsa super para cima, um tributo a um grande percussionista latino, Tito Point. Ela tem uma mistura de solos de trompete com muita percussão.
De acordo com Elias Coutinho, maestro titular da Amazônia Jazz Band, o repertório está totalmente focado na música latina e suas vertentes, mas que teve a introdução de outros sons. “Essa música foi colocada aí de propósito para ter essa quebra justamente para apresentar ao público em geral e aquele que está habituado ao teatro, essa sonoridade, que não é uma sonoridade que se ouve o tempo inteiro ou em todo lugar. A nossa intenção é fazer com que as pessoas conheçam um pouco mais do que a Amazônia Jazz Band traz em seu repertório e porque, por exemplo, trazemos jazz no nosso nome”.
Estação Cultural de Icoaraci
Localizada entre a baía do Guajará e o Furo do Maguari, distante cerca de 17 km da capital, o atual distrito belenense de Icoaraci era conhecido como "Ponta do Mel" desde Francisco Caldeira Castelo Branco, mas foi ocupado somente em 1701, por meio da sesmaria de Sebastião Gomes de Souza.
Inicialmente, Icoaraci era conectada a Belém somente por via fluvial, mas durante o governo de Augusto Montenegro passou a ter um ramal da Estrada de Ferro de Bragança, a primeira integração ferroviária construída no Norte do Brasil, que funcionou entre os anos de 1884 e 1965.
O trecho que cobria a Vila Pinheiro (Icoaraci) foi inaugurado em 1906 e foi possível devido à desistência de construção do ramal de Salinópolis. Tinha 21 km de extensão, com saída do Entroncamento - na Av. Pedro Alvares Cabral - passando pelo ramal do Curro (matadouro) do Maguari e ramal da Vila Pinheiro (antigo nome de Icoaraci), com conexão até o porto. Foi desativada em 1° de janeiro de 1965, e passou a ser usada pela Cooperativa de Artesãos de Icoaraci (Coart) ao longo de 30 anos.
A Estação Pinheiro era uma estação de primeira classe, imóvel maior, em estilo eclético, dividido em três partes, com elementos como hall de entrada, escritório, bilheteria e plataforma elevada de passageiros e mercadorias.
A antiga Estação de Trens Pinheiro - última estação ferroviária de primeira classe ainda existente em toda a Amazônia - que foi reaberta como Estação Cultural de Icoaraci, foi palco da Amazônia Jazz Band, neste sábado (30).