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Evento da Seirdh e Secult promove reflexão pelos 200 anos do 'Massacre do Brigue Palhaço'

Público poderá participar de atividades realizadas a partir de terça-feira (17), que incluem palestra, roda de conversa e exposição sobre episódio marcante no Pará
Por Juliana Amaral (ASCOM)
13/10/2023 13h20

A Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), promove a ação “A quebra do silêncio e a violação dos direitos humanos: 200 anos do Massacre do Brigue Palhaço no Pará”, na próxima terça-feira (17). A abertura da programação ocorrerá no Museu do Estado do Pará (MEP), em Belém, a partir das 10h, com palestra da professora doutora Magda Ricci, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História (PPHIST) da UFPA.

Na sexta-feira (20), às 10h, a exposição “Devassa Governamental do Massacre do Brigue Palhaço” será aberta ao público no Museu, onde permanecerá até o dia 29 de outubro. A Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) cedeu, para mostra, a obra “Brigue Palhaço”, quadro de Romeu Mariz Filho que faz parte do acervo do Museu de Arte de Belém (MABE). Além disso, serão exibidas cópias de documentos que retratam o episódio, cedidas pelo Arquivo Público do Estado do Pará. Entre os documentos está um relatório que detalha a noite do ocorrido. 

Mais tarde, às 15h, a roda de conversa “O Massacre do Brigue Palhaço como símbolo de luta pelos direitos humanos no tempo presente" contará com participação da secretária de Estado de Cultura (SECULT), Ursula Vidal; da secretária adjunta de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIRDH), Edilza Fontes; do diretor do Arquivo Público do Estado do Pará, Leonardo Torii; do vereador Fernando Carneiro; da Profa. Dra. Magda Ricci; do Prof. Dr. José Souza Junior e Prof. Dr. João Lúcio Mazzini. 

“Este episódio fez parte de toda a luta política travada para que o Pará e o Brasil fossem independentes. Um massacre que vitimou 256 pessoas, que morreram presas no porão de um navio. Faziam parte de todo o movimento que questionava como após a Independência do Brasil, o governo local continuava na mão dos seus antigos mandantes", explica Edilza Fontes. 

Memória - A ampla programação tem o objetivo de relembrar, debater e estimular a reflexão sobre o "Massacre do Brigue Palhaço", uma tragédia que aconteceu em 1823, quando completava um ano da Independência do Brasil e a então província do Grão-Pará ainda não reconhecia a autoridade de D. Pedro I como imperador. As autoridades locais se correspondiam diretamente com Lisboa, prendendo as pessoas favoráveis à Independência, acusando-as de subversão.

Após algumas ações estratégicas dos revoltosos, os comandantes da Província organizaram um ataque, que resultou na morte de alguns de seus líderes e na prisão de 260 pessoas. Os prisioneiros foram transferidos para o porão do brigue-escuna (embarcação à vela) “São José Diligente", anteriormente nomeado “Palhaço", e que foi modificado para se tornar uma prisão, ancorado nas proximidades do Ver-o-Peso. Durante a madrugada, o grupo forçou as grades do porão e os guardas a bordo direcionaram uma descarga de fuzilaria no local para conter os insubordinados. Somente quatro pessoas sobreviveram ao massacre. 

“A Cultura e a Arte têm ocupado papel fundamental na discussão dos desafios de seu tempo e na reparação histórica que busca corrigir apagamentos brutais de episódios de exploração e violência, como o 'Massacre do Brigue Palhaço'. Teremos discussões profundas nessa programação, além da exposição dos documentos relacionados à apuração  do caso, ordenada pelo próprio imperador. A exposição da tela expressionista da década de 1940, inspirada neste episódio brutal, será mais uma experiência sensorial para os visitantes”, afirma a secretaria de Cultura, Ursula Vidal.