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Palestra sobre ‘Massacre do Brigue Palhaço’ marca passagem de 200 anos da tragédia

Programação é promovida pelas secretarias estaduais de Cultura (Secut), da Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh) e o Museu do Estado do Pará
Por Juliana Amaral (ASCOM)
17/10/2023 16h25 - Atualizada em em 25/10/2023 12h40

Nesta terça-feira (17), a professora doutora Magda Ricci, do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia (PPHIST) da UFPA, ministrou uma palestra sobre o Massacre do Brigue Palhaço no Museu do Estado do Pará (MEP), a convite da Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh) e da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). A abertura do evento contou com a participação da secretária de estado de cultura, Ursula Vidal; do secretário de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Jarbas Vasconcelos e da secretária adjunta Edilza Fontes e da diretora do MEP, Tamyris Monteiro. 

A ampla programação tem o objetivo de relembrar, debater e estimular a reflexão sobre o "Massacre do Brigue Palhaço", a tragédia que matou 252 pessoas ocorrida no ano 1823, quando completava um ano da Independência do Brasil e a então província do Grão-Pará não reconhecia a autoridade de D. Pedro I como imperador.

“É uma história que guarda muitas violações dos direitos humanos, e isso faz parte inclusive, de uma certa tradição da política brasileira, mas nós estamos aqui para revisitar esse passado, rediscutir esses processos para que o povo agora no presente possa compreender que é cada vez mais importante a luta pela liberdade e pelos direitos humanos, esse é o sentido da nossa programação”, enfatizou a professora doutora em História, e secretária adjunta da Igualdade Racial e Direitos Humanos, Edilza Fontes. 

Secretária de Estado de Cultura, Ursula Vida observou: “precisamos conhecer o nosso passado para entender a complexidade do presente e caminhar em direção a um futuro de justiça social. E nós estamos falando de um episódio que massacrou uma população que lutava contra as injustiças, o totalitarismo e contra o domínio de Portugal, este foi um episódio muito forte que motivou muitas lideranças a se organizarem contra esse regime de operação. Essas parcerias são fundamentais, a provocação da secretaria de igualdade racial e direitos humanos para Secult, para que nós façamos essa imersão nos nossos acervos, e busquemos colaborações para fazer um mapeamento desses documentos que estão aqui no estado, e possamos revisitar essa história e fazer reparações. Duzentos anos é uma data muito simbólica e é sempre importante revisitarmos os capítulos tão marcantes da história do Pará”.

A palestra faz parte da ação “A quebra do silêncio e a violação dos direitos humanos: 200 anos do Massacre do Brigue Palhaço no Pará”, e reuniu mais de 90 pessoas para abertura da programação que terá continuidade na próxima sexta-feira (20).

“É uma política do governo do Estado, a promoção dessa parceria entre a Secult e a Seirdh, já é o segundo evento com esse tamanho que a gente faz juntos neste semestre. Essa proposta de valorização da memória, e de propagar a longo prazo na cultura paraense a valorização da preservação dessas identidades, dessas histórias que por muito tempo foram apagadas, essas pessoas foram invisibilizadas. Então, quando a gente tem a reunião dessas duas secretarias, conseguimos promover uma mudança a longo prazo no Estado, a respeito desses eventos para que não seja uma ação pontual, mas que esteja como parte do arcabouço cultural, teórico, que as pessoas consigam se apropriar desse conhecimento, e esses eventos não são voltados apenas pro público acadêmico, eles são voltados para população no geral, a ideia é que todo mundo consiga participar”, frisou a diretora do Museu do Estado do Pará (MEP), Tamyris Monteiro. 

A palestrante Magda Ricci explica como podem ser feitas transformações sociais a partir do entendimento do passado. “A própria história e a valorização dos documentos podem recontar esse episódio e fazer com que a gente mude a forma de entendê-los. Muitas pessoas acham que a história e os documentos são finitos, estão lá e não tem como mudar, mas a interpretação que pode ser feita ao encontrar novos documentos, novos objetos podem transformar completamente a forma como a gente vê. Então essa é a transformação que há hoje sobre os povos da Amazônia, os povos ribeirinhos, os quilombolas e indígenas. Essa história tem que ser valorizada”.

Professora doutora Magda Ricci