Entre as novidades, a projeção na fachada do Theatro da Paz, palco do Festival de Ópera O XIX Festival de Ópera do Theatro da Paz, realizado pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e Academia Paraense de Música (APM), com apoio da Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), foi lançado na noite desta terça-feira (30) em formato de programa de televisão, transmitido ao vivo pela TV e Portal Cultura do Pará. A ação, planejada para ocupar os palcos do teatro com grandes montagens de ópera, precisou ser reformulada por conta da pandemia de Covid-19, motivando o investimento em formação de artistas e integração territorial por todo o Estado, e dando início à base da transformação do Theatro da Paz em um teatro-escola.
A programação teve apresentações do tenor paraense Atalla Ayan e das sopranos Lanna Bastos, Hosana Ramos e Kézia Andrade, além da pianista Adriana Azulay, em um recital composto por árias de Giacomo Puccini, como “Donna non vidi mai”, da ópera “Manon Lescaut”; “Recondita Armonia” e “E lucevan le stelle”, de “Tosca”; “Nessun Dorma”, de “Turandot”; “Quando m’en vo”, de “La Bohème”; "Chi il bel sogno di Doretta", de “La Rondine”, “O mio babbino caro”, de Gianni Schicchi; "Depuis le jour" (Louise), de Gustave Charpentier; "Minha terra", de Waldemar Henrique, e Granada, de Agostin Lara.
Vivendo fora de Belém há 10 anos, Atalla Ayan contou que veio à capital paraense em março, com planos de ficar apenas 10 dias. "Mas, com a pandemia, acabei ficando bem mais, o que me deu a oportunidade de estar aqui hoje. Foi um pouquinho diferente pra gente. Estamos acostumados com o retorno imediato da plateia, mas acho que temos que nos adaptar a esse grande desafio que se lança a todas as profissões, não apenas a nossa. Estou muito orgulhoso de todos que fizeram parte desse momento. O Festival vai ser diferente, mas tão bem sucedido quanto se tivesse público", disse o tenor.
Na plateia, a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal; o diretor do Theatro da Paz, Daniel Araújo; a diretora artística, Nandressa Nunez, e a diretora de produção, Jena Vieira, explicaram como será o formato do XIX Festival, com ênfase na formação dos talentos, tanto cantores quanto técnicos. O programa também mostrou um pouco dos bastidores, com depoimentos de figurinistas e cenógrafos que há décadas atuam nos festivais de ópera no Pará.
Repercussão - Daniel Araújo, que também é diretor do Festival de Ópera, ressaltou o sucesso do lançamento. "Estamos muito felizes com o resultado da noite de hoje. As expectativas foram alcançadas e até superadas. Nós programamos com muito carinho esse repertório e já estamos vendo a repercussão nas redes sociais sendo extremamente positiva. Saímos na frente, mostrando a todos que é possível fazer música de qualidade e manter ativa essa chama da ópera na nossa região", acrescentou o diretor, adiantando um pouco do que o público pode esperar nas plataformas digitais da Secult durante a programação do Festival, como palestras, lives, diálogos e apresentações.O tenor paraense Atalla Ayan durante a apresentação no lançamento do XIX Festival de Ópera do Theatro da Paz
O lançamento foi encerrado com um videomapping projetado na fachada do Theatro, ao som da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), regida pelo maestro Miguel Campos Neto, em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. A iniciativa foi do Projeto Luzes da Fé, da Basílica Santuário de Nazaré.
A arquiteta Karina Schiochec é apaixonada por ópera e frequentadora assídua do Theatro da Paz. Fã do tenor Atalla Ayan, não perdeu um minuto da programação. "Eu achei maravilhoso, os eventos culturais trazem muita alegria pra gente. Quero parabenizar pela iniciativa de continuar com o Festival, mesmo com a pandemia, adaptando a programação. Acho que é isso. A gente vai dando um jeitinho, porque o show não pode parar", frisou.
Teatro-escola - As iniciativas voltadas ao investimento em formação de artistas começaram ainda em 2019, com cursos e apresentações. Este ano, o Governo do Estado investirá R$ 1,3 milhão no novo formato do Festival de Ópera. Parte desse montante, R$ 650 mil, vai custear exclusivamente o II Curso de Formação em Ópera. “Esse valor visa garantir que os recursos sejam destinados aos artistas de todo o Estado, que receberão bolsas ao longo dos meses do curso de formação; à remuneração dos professores; à elaboração de uma sala de aula on-line e à gravação de conteúdos que serão disponibilizados no hotsite do Festival, reforçando o projeto de consolidar o Theatro da Paz como um teatro escola”, explicou a secretária Ursula Vidal.
Outro grande investimento na democratização do Festival foi a criação de canais para disponibilização dos conteúdos do Festival de Ópera, garantindo acesso até mesmo àqueles que não forem selecionados no concurso de bolsas de estudo, para que possam assistir às aulas e usufruir dos cursos e demais ações. “Com isso, reforçamos o caráter democrático, descentralizador e interativo, pois as ações impostas pela pandemia permitiram que o Festival extrapolasse as fronteiras da capital paraense, integrando os territórios”, ressaltou a secretária.
Em 2019 foram oferecidas 20 bolsas na primeira edição do curso para cantores líricos. Este ano, foi possível quadruplicar o número de bolsas, ofertando 80 vagas, e não somente para cantores, mas também para aqueles que atuam na produção dos espetáculos, como cenógrafos, diretores de palco, iluminadores, técnicos de som, figurinistas etc.
Esse é um diferencial em comparação às estruturas de festivais anteriores, ao avançar na proposta de formação e capacitação contínua dos profissionais paraenses, desdobrando em diversos territórios para aplicação de uma expertise em música, canto, moda, shows e eventos artísticos.