Nesta quarta-feira, 9, o Museu do Círio completa 38 anos. Administrado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult), o museu foi criado em 1986, idealizado pelo jornalista Carlos Roque. Inicialmente o equipamento foi sediado no subsolo da Basílica de Nazaré, mas desde 2002 foi transferido para o Complexo Feliz Lusitânia, onde funciona até os dias atuais.
Construído para abrigar registros do Círio de Nazaré, uma das maiores festas religiosas do mundo, que ocorre há mais de 200 anos, o museu possui um acervo com 2 mil peças, que compõem 11 coleções. Os objetos vão desde representações de artigos religiosos, com arte sacra do século XIX, até artigos de ex-votos e a arte popular com as peças tradicionais em miriti.
“Como tudo que envolve a festa maior dos paraenses, onde o sagrado e o cultural se mesclam tão harmoniosamente, o museu do Círio traduz a experiência humana que vivemos há mais de 200 anos e que continua tão especial a cada novo outubro. A emoção que arrepia a pele, embarga a voz, os sons musicais ou apenas o ruído dos promesseiros que acompanham a procissão, a alegria das festas, do sorriso largo, dos encontros, e tudo isso em função da íntima e amorosa relação de Fé com Nossa Senhora de Nazaré. Como diz lindamente o poeta Vital Lima, outubros guardam histórias e no museu do Círio podemos vê-las.”. diz Márcia Yamada, diretora do Museu do Círio.
O Círio de Nazaré foi declarado Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além disso, recebeu o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“O Círio é um universo, não caberia em museu algum do mundo, mas o Museu do Círio acata esse desafio e nos chama a ampliar nossos horizontes sobre nossa própria identidade, nosso povo. O museu também junta acervo para ser analisado antropologicamente, historicamente, politicamente e artisticamente.” Comenta Anselmo Paes, Coordenador de Documentação e Pesquisa do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), antropólogo e pesquisador de cultura material religiosa.
“Ele [Museu do Círio] é o mais paraense dos museus, pois celebra o espírito paraense ligado a essa grande força que é fé, mas também é festa, que é o Círio Nazaré, e que tem um impacto enorme na vida do paraense e o mais importante, o quanto desse acervo nos fala sobre as dores, os amores, as tristezas, mas também sobre os sonhos realizados de todo devoto de Nossa Senhora de Nazaré.” Conclui Anselmo.
Até o dia 26 de outubro o equipamento recebe a exposição imersiva “Círio de Sensações”, com entrada gratuita. A mostra pode ser visitada de terça a domingo, das 9h às 17h.