Começou nesta quarta-feira (16), a programação comemorativa pelos 124 anos do Arquivo Público do Estado do Pará, um dos maiores acervos históricos do país. A agenda iniciou com duas palestras realizadas no local, que é vinculado à Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
A primeira palestra foi conduzida pela arquivista e mestranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Stephanie Gama de Nazaré. Ela apresentou os resultados do projeto "Conectando Arquivos", criado há dois anos pelo Apep, para descentralizar o acesso ao conhecimento técnico armazenado no acervo e aproximá-lo de outras cidades do estado.
"O projeto leva exposições, palestras e oficinas a diferentes municípios, promovendo o intercâmbio de informações com os arquivos locais e permitindo que moradores de regiões mais afastadas conheçam a história do seu estado e da sua cidade", explicou a pesquisadora.
O público participou com perguntas e reflexões. A acadêmica de História, Samantha Tedesco, destacou o impacto da atividade. "Estava de passagem pelo Arquivo quando soube da programação. Vim com a mente aberta para aprender mais com quem domina o assunto que é de extrema relevância para a nossa sociedade", relatou.
Na sequência, o doutorando Jairo Jacques dos Passos Júnior apresentou a palestra "Arquivos da ditadura militar na Amazônia (1965-1985): Memórias e repressão no Pará". A pesquisa, baseada em documentos do acervo do Apep, revelou registros históricos fundamentais sobre o período da ditadura militar na região amazônica.
"Identificar esses acervos foi essencial para minha pesquisa. O Arquivo Público do Pará é um lugar de memória importante, que guarda revelações essenciais para compreender aquele momento da história. Falar sobre a ditadura é uma forma de preservar a memória e evitar que erros do passado se repitam", afirmou.
Preservação da história
A programação de aniversário do Arquivo foi pensada para valorizar as ações desenvolvidas pela instituição e ampliar o acesso ao seu acervo, como ressaltou o diretor do Apep, Leonardo Torii. "A proposta é mostrar a relevância do nosso trabalho para além da Grande Belém. Projetos como o Conectando Arquivos e estudos sobre a ditadura ajudam a promover conhecimento e memória. O Arquivo conseguiu se consolidar nesses 124 anos de história como uma instituição arquivística extremamente séria dentro da região amazônica, no que diz respeito à preservação dos documentos em suporte de papel, em termos de tratamento técnico e da difusão dos documentos", destacou.
Nesta quinta-feira (17), às 9h30, a programação segue com uma visita guiada imersiva voltada para usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), de Belém.