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Poesia e representatividade de Liniker se destacam na programação LGBTQIA+

Por Gabriel Marques (SECULT)
26/08/2019 23h07

LinekerDominado pelas vozes da comunidade LGBTQIA+, o terceiro dia da intensa programação da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes foi encerrado pelo show de Liniker e os Caramelows, que encantou o público com o som poético e expressivo na Arena Externa. Em sua terceira apresentação em Belém, a cantora trouxe uma sonoridade que harmoniza perfeitamente com o conceito desta edição da Feira, mostrando não só o seu canto, mas também a presença de uma mulher negra que carrega a essência da comunidade LGBTQIA+.

Para Liniker, o evento aborda discursos importantes e engloba temáticas que não podem mais ser ignoradas. “Eu acho que tanto a minha música quanto essa Feira significam a legitimação de vivências, o fortalecimento de várias vozes. Por mais que o país esteja vivendo alguns retrocessos, a gente tem ser fortalecido e consolidado”, declarou.

Referências - Como uma mulher negra trans, Liniker contou que é preciso trabalhar por um cenário multicultural e diversificado para fortalecer trajetórias artísticas. “Eu sinto que quanto mais pessoas aparecem no cenário com artistas de todos os gêneros e identidades musicais, mais se fortalece uma rede de referências que pode inspirar novos artistas e pontos de vista”, afirmou. Essas trajetórias foram fundamentais para o lançamento do segundo disco da artista, "Goela Abaixo", lançado no começo deste ano, e definido pela cantora como uma etapa de seu processo de amadurecimento. 

“O 'Goela' é um disco bem íntimo, no qual fazemos a transição do primeiro álbum para o segundo. Diferentemente dos meus processos anteriores, nesse eu precisei cuidar de mim para escrever e senti uma maturidade em relação a minha vivência, saindo da adolescência e virando uma mulher adulta e com menos medo”, contou Liniker.

Identificação - Para quem esteve na Arena Multivozes, a alegria de ver artistas admirados em um espaço como a Feira do Livro torna o momento especial. “Me identifico muito com as músicas dela por serem leves e românticas, mas acho que principalmente pela representatividade que ela traz enquanto mulher trans”, declarou  Vinnicius Marinho, fã de Liniker e integrante da comunidade LGBTQIA+.

Para Fernanda Lobato, o show gratuito é uma oportunidade de conhecer melhor o trabalho da artista. “O que mais me atrai é a importância e a energia das músicas, que me tocam e me fazem querer conhecer mais de perto o lindo trabalho dela”, relatou.

Para Henrique Fagundes, outro fã, a Feira e a presença da cantora criam diálogos de suma importância. “É mais uma forma de dar voz à comunidade, que é tão calada e oprimida pelo preconceito”, ressaltou.

Serviço: A 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes é uma ação do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), que prossegue até 1º de setembro no Hangar. O evento está aberto para visitação das 10 às 21 h, com entrada franca.