Nesta segunda-feira (19), Dia dos povos originários, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), realizou a live Abril Indígena, uma programação com debates e apresentações musicais com o objetivo de valorizar tradições e fortalecer a luta dos povos indígenas da Amazônia. O programa foi transmitido ao vivo, diretamente do palco do Teatro Gasômetro, nos canais oficiais da Secult no YouTube, Instagram e Facebook, além do Portal Cultura do Pará.
Com apresentação da jornalista Vanessa Vasconcelos, a live teve duração de aproximadamente 1 hora e contou com a participação de convidadas, como a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal; Puyr Tembé, liderança indígena e representante da Gerência de Promoção e Proteção dos Direitos dos Povos Indígenas da Sejudh; Márcia Kambeba, ouvidora do município de Belém, ativista, doutoranda em letras poeta; Liliane Chipaia, conselheira para a educação no Estado e coordenadora de educação indígena da Secretaria de Estado de Educação (Seduc); e Verena Arruda, da Diretoria de Justiça e Direitos Humanos da Sejudh.
Seguindo todos os protocolos de segurança para a prevenção da Covid, a ação trouxe debates importantes sobre educação, produção cultural e os principais desafios e conquistas de garantias de direitos dos povos indígenas em tempos de pandemia, e o papel do Conselho Estadual de Política Indigenista do Estado do Pará. Nos canais de transmissão, indígenas e internautas de diversos municípios do Estado comentavam e parabenizaram a iniciativa.
Puyr Tembé, afirmou que, para os povos indígenas, a relação da sociedade não indígena com a sociedade indígena sempre foi delicada, mas agora se tornou mais difícil.
“Antes, era um processo camuflado e hoje é um processo declarado, esse ódio, essa negação aos nossos direitos. E pra gente, é mais difícil fazer essa luta, essa resistência durante uma pandemia, que nos impede de ir pras ruas. Nesse momento, o movimento indígena está ocupando o Congresso, de uma forma diferente, distante, projetando imagens e pinturas na casa do povo, pintando ali onde perpassa os nossos direitos, mostrando que não deixaremos o nosso passar”, destacou o representante.
Para ele, “é nosso papel fazer o que os nossos antepassados fizeram por nós e nos ensinaram: seguir a luta”. A” sociedade precisa compreender quem é essa nação, quem é esse povo que existe no Brasil. É preciso se juntar, a gente aqui não quer se vitimizar, não somos sofredores, temos uma história que construímos no país. E é preciso que o povo brasileiro entenda a importância dessa sociedade. Hoje é um dia de luta, pouco a se comemorar, mas é um dia de luta”, afirmou Tembé.
A secretária de Estado de Cultura ressaltou a importância do protagonismo feminino na articulação pela garantia dos direitos dos povos originários e destacou a importância do processo de escuta e reaprendizagem sobre os indígenas.
“Começamos a entender que não estamos celebrando nada, estamos no momento de ter um olhar corajoso para o que que essa nação vem fazendo há mais de 500 anos. E que nós, por exemplo, como política pública, precisamos reaprender como fazer política pública, garantindo direito aos povos indígenas. No caso da Lei Aldir Blanc, como vamos chegar a esses territórios? Como garantir o direito ao auxílio emergência aos editais de fomento para que os projetos culturais aconteçam dentro das nações indígenas, dentro dos povos, dentro das aldeias? Como fazer com que esses povos acessem a política pública na moralidade de cada povo indígena? Então, assim, temos muito que aprender”, destacou Ursula.
A ação teve o apoio da Cultura Rede de Comunicação, Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e Conselho Estadual de Política Indigenista do Estado do Pará (Consepi).
Quem quiser rever ou acompanhar os temas abordados pode procurar o canal da Secult no Youtube: Secult Pará.