Em alusão ao Dia do Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Pará, celebrado em 05 de Novembro, próxima sexta-feira, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), por meio de seu Sistema Integrado de Museus e Memórias (SIMM), realiza uma programação especial no período de 05 a 07 de novembro, com o tema “Memórias, Arte Afroamazônida e o Patrimônio”. A ação também faz referência ao mês da Consciência Negra.
De acordo com o diretor do SIMM, Armando Sobral, além de promover a reflexão sobre o tema, o evento apresenta diferentes aspectos da cultura paraense, como as criações artísticas, práticas educativas e científicas sobre os saberes, as celebrações e os lugares que abrangem as narrativas da memória, arte afroamazônida, identidades, tratando o bem material, imaterial e cultural. Falar de patrimônio hoje significa falar da nossa própria realidade, como ela se modela dentro de uma nova dinâmica, à qual a própria cidade se reorganiza e revê suas próprias identidades.
Segundo Armando Sobral, na Amazônia isso significa adentrar, cada vez mais, o campo diverso de cosmologias e espaços de memória que, muitas vezes, são completamente apartados do ambiente urbano e partilhados em outras geografias, como é o caso do ribeirinho, do indígena e das comunidades afrodescendentes. “Como o Dia Estadual do Patrimônio coincide com o mês da Consciência Negra, esse ano nós demos ênfase muito ao tema, tratando dessas correlações e proporcionando ao público uma série de atividades que o traga para os museus, como forma de estimular e de aproximar dos bens que constroem sua própria relação de lugar e identidade. Assim, também, pretendemos discutir esses temas de patrimônio associados a nossa ancestralidade e a nossa diversidade de cultura, com ênfase, principalmente, na cultura afrodescendente”, destacou o diretor do SIMM.
Bruno Chagas, secretário de Cultura em exercício, disse que “esta programação procura realizar a inserção da consciência e da memória do povo paraense a toda essa tradição patrimonial construída ao longo dos anos, seja ela população tradicional ou não. A miscigenação, a interação, a troca, o intercâmbio cultural que os povos que aqui habitam proporcionaram faz um resgate da história do povo amazônico, a identidade do que é a Amazônia. Por isso é muito importante que esta semana seja não somente um resgate, mas uma lembrança vívida na consciência de cada indivíduo de nossa reunião, no sentido de podermos valorizar e cada vez mais estarmos dentro do processo de educação patrimonial e do processo de interação da cultura como agentes transformadores de inclusão social. É muito importante a nossa interação, e conhecer cada vez mais o que nos cerca”.
Oficinas e reflexões - A programação iniciará as 10 h com a oficina de fotografia, pintura e colagem “Eu e a Banhista”, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. A oficina de técnica mista traz a leitura e releitura da obra “Banhista”, fotografia de Luiz Braga, e será ministrada por Beatriz Sousa e Emerson Caldas.
As 18 h haverá mais uma edição do Encontro na Casa, com a participação de Elaine Arruda e Ana Del Tabor, e mediação de Sanchris Santos. O encontro promoverá uma reflexão sobre o papel da educação para a cultura e o patrimônio nos museus, e o relato de experiências dos estagiários da Universidade Federal do Pará (UFPA), Faculdade Estácio e Universidade do Estado do Pará (Uepa), com reflexão sobre arte, educação e museus.
No sábado (06), a partir das 08h30, ocorrerá a oficina de fotografia “Lá no Marajó: a presença negra nos rios da Amazônia”, ministrada por Natália Alfaia, Raimundo Calandrino e Januário Guedes. A atividade será realizada no Memorial Amazônico da Navegação, no Mangal das Garças, e terá como instrumentos as mídias móveis para o registro das culturas ribeirinha e negra na Amazônia.
No domingo (07), a partir das 10 h, no píer da Casa das Onze Janelas, haverá a apresentação de “O Grito”, espetáculo de teatro de bonecos em caixa, que traz como tema a lenda urbana do escravo do Palacete Bibi Costa, que retrata um prédio antigo da Belle Époque, e traz uma reflexão sobre a Consciência Negra. O espetáculo faz parte do Projeto Encaixotando as Lendas, dos artistas plásticos Jefferson Cecim, Bianca Brito e Geovane Silva.
As oficinas são gratuitas e não precisam de inscrições prévias, mas serão limitadas a até 10 participantes por ação.
As demais atividades do Sistema Integrado de Museus e Memórias em novembro integram a programação do mês da Consciência Negra.