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Concerto especial encerra programação do XXI Festival de Ópera do Theatro da Paz

Espetáculo será nesta quinta-feira (8) é uma realização do governo do Pará, por meio da Secult, o Theatro da Paz e a Academia Paraense de Música
Por Thaís Siqueira (SECULT)
07/12/2022 15h10 - Atualizada em em 19/12/2022 15h39

Sob a batuta do maestro convidado, Luiz Fernando Malheiro, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) realiza um concerto muito especial que encerrará o XXI Festival de Ópera do Theatro da Paz, nesta quinta-feira (8), às 20h no Theatro da Paz. A realização é do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com Theatro da Paz e a Academia Paraense de Música (APM).

A apresentação terá a participação de Eliane Coelho, uma das maiores cantoras líricas do Brasil, executando ‘As Quatro Últimas Canções’, de Richard Strauss e ainda teremos a ‘Sinfonia n° 6’, de Tchaikovsky, conhecida como Sinfonia Patética.

O Maestro Luiz Fernando Malheiro, além de diretor artístico e regente titular da Orquestra Amazonas Filarmônica e diretor artístico do Festival Amazonas de Ópera (FAO), é um antigo conhecido do público paraense e já regeu ópera no Pará. “Estar em Belém é maravilhoso e em contato com o público é melhor ainda, já que o Pará tem tradição na música de concerto e o Theatro da Paz vem produzindo óperas com excelência, fazendo jus à tradição operística da capital que é secular”, afirmou o maestro.

Neste concerto temos dois compositores muito conhecidos do grande público e que foram muito aclamados durante suas épocas: Tchaikovsky no século XIX e Richard Strauss no fim do século XIX e por muito tempo durante o século XX.

Richard Strauss marcou o público paraense em Belém, no Theatro da Paz, quando o Festival de Ópera montou uma de suas grandes óperas, ‘Salomé’ (2012), momento em que suas obras foram introduzidas. Já Tchaikovsky, dispensa apresentações, pois é um compositor já muito conhecido do público paraense. Porém, a sinfonia que será executada durante o concerto, entretanto, não é tão tocada em Belém. De todo modo, as duas obras representam a maturidade de seus compositores e suas últimas palavras. Assim, elas tomam proporções de testamento em forma de música e isso é muito importante para compositores, porque eles falaram a vida toda através da música e era por meio da música que eles se expressavam.

A derradeira sinfonia de Tchaikovsky é muito simbólica e quem for ao concerto vai perceber isso, pois ela tem um final pessimista e angustiante, que espelha a vida do compositor. As quatro últimas canções de Strauss são muito belas e tem uma aura de Esperança e é uma outra visão de um fim de carreira, de um fim de vida bem diferente que vai mais para o lado do belo.

O maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, Miguel Campos Neto, saudou a presença do maestro Fernando Malheiro, que regeu a OSTP pela última vez em 2007, na ópera ‘La Cenerentola’, de Rossini. “A vinda do maestro Malheiro em 2007 em Belém, marcou a minha trajetória profissional. Eu comecei essa ópera tocando violino na Orquestra e por uma reviravolta do destino ele precisou se ausentar de Belém e como não havia maestro assistente na Orquestra, eu fui indicado pela Jenna Vieira, atual diretora artística do Festival de Ópera, peça importantíssima nesse momento, para ser o maestro assistente daquela produção. Pela minha atuação, o maestro Malheiros me ofereceu a oportunidade de ser maestro assistente dele em Manaus e foi aí que a minha carreira como regente começou. Então, sou muito grato e que bom que ele está aqui para nos presentear com toda a sua experiência”, disse o maestro Miguel.

Corredor Lírico do Norte

A visita do Maestro Luiz Fernando Malheiro também celebra a parceria entre os estados do Pará e do Amazonas no Corredor Lírico do Norte que completa um ano de existência. Em 2022, o Festival de Ópera do Theatro da Paz concedeu 10 bolsas de capacitação para alunos provenientes do Amazonas, cinco para cantores e outras cinco para técnicos, além da apresentação da montagem paraense de ‘Il Tabarro’, de Puccini, na abertura do 24º Festival Amazonas de Ópera (FAO). “Essa parceria sempre foi muito desejada por nós e ainda bem que aconteceu. Diminuímos a distância institucional entre a cultura do Pará e a do Amazonas, já que artisticamente temos uma grande proximidade bastante tempo”, afirmou Malheiro.

O convênio prevê ações que impactam quatro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas: educação de qualidade (promovendo cursos de formação); trabalho decente e crescimento econômico (desenvolvendo a cadeia produtiva da ópera); inovação e infraestrutura (fomentando a inovação por meio de espetáculos que agreguem novas linguagens artísticas e tecnológicas e que fomentem um turismo não predatório e de alto nível); e parcerias e meios de implementação.

O acordo tem como meta a “conjugação de esforços entre os partícipes para viabilizar ações de mútua cooperação para a implementação do Corredor Lírico-Cultural, por meio do compartilhamento de conhecimento técnico e artístico relativo à produção e circulação de montagens de óperas entre os teatros envolvidos (Theatro da Paz e Teatro Amazonas)”.

Com o convênio, Amazonas e Pará são pioneiros em oficializar algo inédito no país, que é a parceria institucional entre teatros líricos para a formação e capacitação de profissionais, bem como para a circulação de espetáculos ou até para coproduções, colaborações que são comuns na Europa e nos Estados Unidos.

Uma justa homenagem 

Eliane Coelho, a maior cantora lírica brasileira desde Bidu Sayão, está entre nós. E chamá-la de diva não é exagero. A palavra diva tem seu peso e dicionário é sinônimo de deusa. Na ópera, tem sido usado como uma reverência às grandes intérpretes. E em se tratando de Eliane Coelho, já faz parte dos habitués dos bastidores.

Para Daniel Araujo, diretor do Theatro da Paz, Eliane Coelho é a pessoa mais importante do canto lírico no país. Teve uma carreira de 50 anos na Áustria e hoje vive no Brasil, mas, continua cantando nas melhores óperas e principais casa do mundo. “Ela consegue ter essa voz jovial e plena ainda hoje e é uma referência não só para o canto lírico, mas para todas as artes. E o Theatro da Paz tem a tradição de grandes cantoras. Da mesma forma que temos uma placa homenageando Bidú Sayão, nós que entendemos que Eliane Coelho está no mesmo patamar e até mesmo em um patamar superior e achamos que ela merecia essa homenagem também em um lugar de honra e destaque nas paredes do Theatro da Paz”, afirmou.

A placa será colocada na manhã desta quinta-feira (08), na parede do Café da Paz, ao lado da placa de Bidú Sayão, na presença de Eliane Coelho.

Luiz Fernando Malheiro

Reconhecido pela crítica como um dos principais nomes da ópera no Brasil, Malheiro tem em seu repertório mais de 60 títulos de ópera já regidos em produções completas.

É o atual Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Amazonas Filarmônica e diretor artístico do Festival Amazonas de Ópera (FAO). Foi diretor artístico do Teatro São Pedro de São Paulo e regente titular de sua orquestra e diretor de Ópera no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Vencedor do Prêmio Carlos Gomes: Regente de Ópera (2012, 2011 e 2009) e Universo da ópera/2000, dirigiu no FAO/2005 a primeira montagem brasileira do Anel do Nibelungo de Wagner, recebendo ainda mais dois prêmios: Universo da Ópera e Espetáculo do Ano.

Regeu diversas vezes no Festival de Ópera de La Coruña na Espanha e dirigiu concertos e espetáculos frente a Orquestra Sinfônica de Roma, Orquestra Sinfônica de Miami, Orquestra do Teatro Olímpico de Vicenza, Sinfônica de Bari, Orchestra Filarmônica Marchigiana, Orquestra da Ópera Nacional de Sófia, Orquestra Sinfônica de Porto Rico, Orquestra Sinfônica da Galícia e a Orquestra Sinfônica Castilha e Leon, Orquestra do Teatro de Bellas Artes de Bogotá, Orquestra do Teatro de Bellas Artes do México, Filarmônica do México e no Teatro Del Libertador de Córdoba na Argentina.

No Brasil regeu a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, a Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a Sinfônica Brasileira, a OSESP, a Sinfônica de Minas Gerais, a Filarmônica de Minas Gerais, a Sinfônica do Paraná, a Orquestra Sinfônica da Bahia dentre outras. Gravou Fosca e Maria Tudor de Carlos Gomes em vídeo e CD.

Estudou composição com J. Targosz na Polônia e com R. Dionisi na Itália. Estudou regência com T. Colacioppo no Brasil, K. Missona na Polônia e na Itália estudou com Leonard Bernstein em Roma, F. Leitner em Siena e Carlo Maria Giulini em Milão.

Eliane Coelho 

Carioca, ELIANE COELHO diplomou-se na Escola Superior de Música e Teatro de Hannover, para depois seguir uma brilhante carreira internacional. De 1983 a 1991 esteve contratada pela Ópera de Frankfurt e, em seguida, pela Ópera de Viena, na qual recebeu o título de Kammersängerin em 1998. Neste prestigioso espaço e em muitos outras cidades como Stockholm, Munique, Berlin, Dresden, Nice, Marseille, Copenhagen, Nápoles, Torino, Catania, Sofia, Bucareste, Praga, São Petersburgo, Valência, Zurique, Tóquio, no Festival Aix-en-Provence e nos teatros La Scala e Bastille, dentre outros, atuou em numerosos papeis como: Tosca, Butterfly, Turandot, Maria Stuart, Fedora, Madeleine (Andrea Chenier), Arabella, Salomé e Herodiade (Strauss), Margherita e Elena (Mefistofele), Elettra (Idomeneo), Lady Macbeth, Leonora (Trovatore), Aida, Desdemona (Otello), Lina (Stiffelio), Elena (Vespri Siciliani), Elisabetta (Don Carlo), Elvira (Ernani), Abigaille (Nabucco), Helene (Jerusalem), Lulu. Teve como companheiros de cena: Plácido Domingos, José Carreras, Leo Nucci, Renato Bruson, Ferruccio Furlanetto, Samuel Ramey, e esteve sob a regência de Zubin Metha, Riccardo Chailly, Sir Colin Davis, Donald Runnicles.

Seu extenso repertório continua se enriquecendo com novos papeis. Nos últimos anos abordou com grande êxito Isolda, Brunnhilde (As Valquírias e O Crepúsculo dos Deuses), La Gioconda, Yerma de Villa-Lobos, Lucrezia Contarini (I due Foscari), Lady Macbeth de Mtsensk e Medea, além de retornar a papéis como Leonora (Il Trovatore) em Belém, Ariadne auf Naxos (OSB), Tosca (Manaus) ou Abigaiille (Theatro Municipal do Rio de Janeiro).

De todos talvez seja justamente o papel título da Salomé, de Strauss, uma de suas interpretações mais marcantes. Elogiada internacionalmente, deu vida e voz à princesa da Judéia centenas de vezes, nos maiores teatros, por todo o mundo, ao lado de artistas como Bryn Terfel, Leonnie Rysanek, Sigfried Jerusalem, Hans Zednik, Bernd Weikl, BrigitteFassbaender, e sob a regência de Zubin Mehta, Donald Runnicles, entre outros.

Desde o início dos seus estudos na Alemanha Eliane Coelho sempre se dedicou ao repertorio de cancoes francesas e russas e o Lied alemão, e se apresentou em muitos recitais, tanto na Alemanha, Áustria, como na Itália e Rússia. Nos últimos anos, Eliane tem duo com o pianista Gustavo Carvalho. Eliane Coelho e Gustavo Carvalho se conheceram na década de noventa, em Viena, e realizaram o primeiro recital juntos na Grande Sala do Conservatório Tchaikovsky de Moscou, em 2006. Desde então, vêm se apresentando em importantes salas de concerto do Brasil e do exterior. A paixão de ambos pelo universo camerístico levou- os a desenvolver um extenso repertório com os principais Lieder de Brahms, Schumann, Wolf, Strauss, Rachmaninoff, Tchaikovsky, Schönberg, Berg, Mahler e Villa-Lobos, além de importantes obras camerísticas tais como o Pierrot Lunaire, de Schönberg e os 7 romances com poemas de Blok, de Shostakovitch, que foram apresentados em várias edições do Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, além do Theatro da Paz (Belem), Palácio das Artes (Belo Horizonte) ou Sala Cecília Meirelles (Rio de Janeiro), entre outros.

Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz 

A Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), que no ano de 2021 completou 25 anos, foi criada pela Secretaria Executiva de Cultura (Secult). Os maestros Andi Pereira, Barry Ford, Mateus Araujo e Enaldo Oliveira já foram titulares da orquestra, que desde janeiro de 2011 é conduzida pelo maestro Miguel Campos Neto. Esteve à frente da OSTP, como convidado, o maestro Patrick Shelley, Roberto Duarte, João Carlos Martins, Luís Fernando Malheiro, Silvio Viegas, Abel Rocha, Flávio Florence, Carlos Moreno, Gian Luigi Zampieri, Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi, Laércio Diniz, Marcelo de Jesus, Edilson Ventureli e Linus Lerner, entre outros. Como solistas, atuaram artistas de renome internacional como Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Miguel Proença, Antonio Del Claro, Emmanuele Baldini, Eliane Coelho, Rosana Lamosa, Ryu Goto, Ji Young Lim, Luís Rossi, Robert Bonfiglio dentre outros, bem como os paraenses também conhecidos internacionalmente, Adriane Queiroz, Carmen Monarcha e Atalla Ayan, e muitos outros grandes nomes da música paraense de várias gerações. 

Gravou dois CDs ao vivo: em 1999 o CD “Arthur Moreira Lima interpreta Waldemar Henrique”, e em 2012 o CD “Centenário Wilson Fonseca”, além de dois DVDs ao vivo, um em 2008, e o mais recente com a cantora Carmen Monarcha, em 2015. 

A OSTP realiza temporada de concertos mensais no Theatro da Paz, mantém um programa de concertos didáticos, um projeto de interiorização, concertos ao ar livre, uma série de câmara, além de atuar no Festival de Ópera do Theatro da Paz. 

No ano de 2012, a OSTP se destacou na imprensa nacional, recebendo elogios da crítica especializada, pela execução da ópera Salomé, de R. Strauss. Desde então, a crítica brasileira vem reconhecendo a trajetória ascendente da orquestra, com elogios por sua atuação nas óperas Il Trovatore e Otello, de Verdi, e Don Giovanni, de Mozart, regidas por Silvio Viegas, e Navio Fantasma, de Wagner; Mefistofele, de Boito e Os Pescadores de Pérolas, de Bizet, Turandot, de Puccini, e A Voz Humana, de Poulenc, sob a direção do seu Maestro Titular, Miguel Campos Neto. Em 2016 a OSTP se apresentou no Teatro Amazonas, de Manaus, com grande sucesso de público, dentro da programação do Festival Música na Estrada.

Em 2017 e 2018, a OSTP foi escolhida na seleção de Melhores do Ano, do site movimento.com, como a melhor orquestra da Temporada Nacional de Ópera.

Programa

RICHARD STRAUSS (1864-1949)

Quatro Últimas Canções, para Soprano e Orquestra

I. Frühling “Primavera”. Allegretto

II. September “Setembro”. Andante

III. Beim Schlafengehn “Na hora de dormir”. Andante

IV. Im Abendrot “No pôr do sol”. Andante

Soprano: Eliane Coelho

INTERVALO

P. I. TCHAIKOVSKY

Sinfonia nº 6 “Pathétique” em Si menor, Op. 74

I. Adagio. Allegro non troppo

II. Allegro con grazia

III. Allegro molto vivace

IV. Finale. Adagio lamentoso

SERVIÇO:

Concerto de encerramento do XXI Festival de Ópera do Theatro da Paz

Data: 08 de dezembro, às 20h

Local: Theatro da Paz

Os ingressos estarão disponíveis para retirada no dia do concerto, a partir das 9h, no site Ticket Fácil e na bilheteria do Theatro da Paz partir das 18h. Ingressos gratuitos (2 ingressos por CPF).

Texto de Úrsula Pereira / Ascom Theatro da Paz