O Arquivo Público do Estado do Pará (APEP) completa 123 anos na próxima terça-feira (16) e, para celebrar a data, uma série de atividades serão realizadas ao longo de abril. A programação especial tem início já neste domingo (14), com o “Domingo da Memória”, no Theatro da Paz. Até o dia 30, haverá ainda outras exposições e palestras. A iniciativa é da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), a qual o espaço é vinculado.
A exposição que abre a programação ocorre na entrada do Theatro da Paz, com visitação das 9h às 13h, em meio à grande movimentação dominical da Praça da República, em Belém. O “Domingo da Memória” apresentará ao público geral diversos documentos históricos do Arquivo e contará com mediação de alunos dos cursos de História e de Arquivologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Palestras - Na segunda-feira (15), na sede do APEP, ocorrem duas palestras. A primeira será realizada às 9h, com o professor doutor Thiago Broni, da Escola de Aplicação da UFPA. Ele debaterá sobre “Os 60 anos do golpe civil-militar de 1964 e os conflitos agrários na Amazônia”. A ideia do momento será refletir, a partir de documentações históricas sobre o período. “O que os militares sabiam e o que fazer daqui pra frente?”, propõe como reflexão a palestra.
Às 10h, a professora doutora Mônica Tenaglia, da Faculdade de Arquivologia da UFPA, falará sobre “Os arquivos como instrumentos de memória e esquecimento”. A ideia é abordar sobre como os arquivos atuam tanto como guardiões da memória, preservando documentos históricos, culturais e sociais, quanto como agentes de esquecimento, através da seleção, acesso limitado, deterioração ou interpretações que podem invisibilizar vozes ou eventos.
Exposições - Na terça-feira (16), dia da fundação do APEP, também em sua sede, localizada na Travessa Campos Sales, 273, no bairro da Campina, será aberta a exposição “Ditadura e os conflitos agrários nos documentos do DOPS”. Criado no final de 1924, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) foi um órgão utilizado principalmente durante o Estado Novo e, mais tarde, na Ditadura Militar. A exposição fica aberta até o dia 30, de segunda a sexta, das 8h às 14h.
Quem visitar a sede do APEP ou transitar pela Travessa Campos Sales, neste mesmo período, também poderá conferir a exposição “Calçadas de Histórias: História do Arquivo Público”. Na fachada do prédio, tombado em 1982, serão instalados sete paineis com textos que contam a trajetória do Arquivo, como o fato de no prédio ter funcionado o Banco Comercial do Pará, comprado e adaptado pelo governo estadual no final do século XIX, mantendo seu estilo neoclássico.
Leonardo Torii, diretor do APEP, destaca que a programação foi montada para os diversos tipos de público. “Todos estão convidados a prestigiar essa programação do aniversário, tanto no domingo, dentro do Theatro da Paz, quanto nos dias 15 e 16, aqui no Arquivo Público. Preparamos pensando nos diversos públicos. E ainda que não seja possível vir nesses dias, não deixe de conhecer o nosso Arquivo”, convida. O APEP está aberto de segunda a sexta, das 8h às 14h.
Salvaguarda - O acervo do Arquivo Público do Pará é robusto. São cerca de 4 milhões de documentos, que, se alinhados, mediriam aproximadamente 2 mil metros lineares, representando o maior patrimônio histórico documental da Amazônia e um dos mais significativos do Brasil. Os documentos cobrem diversos períodos históricos, desde o colonial até o século XXI, incluindo eventos importantes como a adesão do Pará ao Império do Brasil, a Cabanagem e a Belle Époque.
Reconhecido por seu valor histórico e cultural, o Arquivo Público do Pará já recebeu algumas premiações que reforçam sua importância, incluindo o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1997, e o selo "Memória do Mundo", da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2010, pela preservação de documentos do período colonial.