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Estação Cultural de Icoaraci atrai o público com culinária, artesanato e ideias sustentáveis

No espaço é possível encontrar, por exemplo, um local onde se pode comer até as cuias onde são servidas as refeições da culinária regional
Por Gabriel Marques (SECULT)
29/08/2020 14h03

Empreendedoras da barraca Latam mostram as cumbucas, de fibras naturais, que são cosmetíveis e podem servir pratos típicosA Estação Cultural de Icoaraci, inaugurada no dia 14 de agosto pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), têm sido um novo espaço de práticas culturais no distrito. Unindo exposições, culinária e artesanato, o ambiente se destaca com uma nova forma de ocupação, sendo bem recebido pelos visitantes e surpreendendo positivamente os pequenos empreendedores. Entre uma visita e outra, a Estação vai conquistando o público e criando uma identidade única.

Na terceira semana de abertura e seguindo protocolos de higiene, a Estação cultural já movimentou mais de R$ 7 mil reais no cenário da economia solidária. Sendo os finais de semana os que mais arrecadam, com a abertura da feirinha às sextas, sábados e domingos. Para Stefani Henrique, diretor de Economia Criativa da Secult e responsável pela Estação, os números superam as expectativas.

Icoaraci tem grande diversidade artesanal tradicional“Estamos formando público para a Estação e os números são expressivos. Por isso, consideramos muito positivo o resultado da comercialização das barracas, sobretudo neste período em que as pessoas ainda estão começando a retomar suas atividades fora de casa”, aponta o diretor.

No universo da economia solidária, as empreendedoras comemoram o funcionamento e a presença do público no local. Dona da barraca Iatam de chocolates de origem paraense e comidas típicas, Frennytam Mota comenta sobre a visibilidade do espaço.

“Acredito que o local ainda vai crescer muito mais, até porque Icoaraci tem uma diversidade cultural muito grande e esse é um ponto de referência. As pessoas ligam, encomendam e trazem outros convidados. Vemos um público bastante diverso e eu estou bem feliz com tudo isso”, comenta.

IDEIAS SUSTENTÁVEIS

No corredor da Estação, há iniciativas inovadoras e algumas se destacam visualmente, outras pelo sabor e ainda pela preservação do meio ambiente. A barraca Latam tem exatamente esse propósito. A escolha de fornecedores sustentáveis foi a principal maneira de reduzir o lixo e ainda chamar a atenção de quem passa por lá: as comidas são servidas em cumbucas comestíveis, feitas da fibra do babaçu.

A ideia surgiu justamente para reduzir os resíduos. Como não obteve os recursos para produzir de forma independente, Frennytam Mota conta como chegou a um fornecedor que tinha exatamente a proposta que ela queria.

"As cuias são comestíveis, mas como ainda não temos toda a estrutura para fazer, eu comecei a pesquisar materiais que fossem biodegradáveis e que pudessem chegar até meu estabelecimento. A gente utiliza matérias-primas que têm essa inovação, com elementos biodegradáveis que podem ser agregados”, detalha.

Nas cumbucas são servidos diversos pratos típicos, como vatapá, maniçoba e caldos. O sabor é neutro, por isso não influencia no gosto da comida. Após a refeição, o cliente pode simplesmente comer o recipiente feito da fibra.

“As pessoas acham muito interessante, querem provar e algumas gostam muito”, conta Frennytam com entusiasmo. E caso o cliente não queira provar, o material pode ser facilmente descartado na água, onde se desfaz assim que entra em imersão.

A sustentabilidade também está presente nos chocolates. Quem vai à Estação cultural pode não perceber, mas ao comprar um chocolate no local está escolhendo uma embalagem que se decompõe em apenas três meses.

“Enquanto o celofane demora 150 anos para se decompor, esse outro material leva três meses, então a diferença é muito grande”, explica Mota.